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Combustíveis já custam até 8% mais caro nas bombas do Rio

Motoristas cortam idas ao mercado, lazer e almoço para driblar os aumentos

(Alexandre Battibugli/Exame)
AO

Agência O Globo

Publicado em 11 de março de 2022 às 21h34.

Os cariocas que foram abastecer o carro nesta sexta-feira - quando passou a vigorar o reajuste da Petrobras às distribuidoras - encontraram os preços nas bombas de combustíveis até 8% mais altos do que no dia anterior. Após receber inúmeras denúncias, o Procon Estadual do Rio iniciou fiscalização para apurar se houve aumento abusivo nos postos. Os agentes estão vistoriando postos de combustíveis localizados na capital, Niterói, Campos e Cabo Frio.

As maiores altas foram registradas nos postos da Zona Sul da cidade. No Humaitá, o litro da gasolina saltou de quinta para sexta-feira de R$7,49 para R$7,99, um reajuste de 6%. O aumento foi ainda maior para o etanol, com uma diferença de 8%. O preço do litro passou de R$5,99 para R$6,49.

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Em Botafogo, o preço da gasolina disparou 5%, passando de R$7,29 para R$7,69. Na Tijuca também houve aumento, mas um pouco menor. O litro está custando R$6,99, ante R$6,79 na quinta-feira, enquanto o etanol pulou de R$4,99 para R$5,09.

Segundo o frentista Alex Santos, de 41 anos, as reclamações são frequentes e o anúncio do reajuste levou a uma corrida aos postos na véspera.

— Todo mundo pergunta “onde vamos parar com esse roubo?” — relatou Santos.

Cortes no orçamento e mais horas ao volante

Para driblar os aumentos dos combustíveis, o taxista Robson Martins está trabalhando mais horas para bater a mesma meta diária de ganhos:

— A gasolina aumentou R$0,10 em alguns postos, em outros aumentou de R$ 0,15 a R$ 0,20. Meu carro não é a gás, mas até mesmo o gás tá caro. O preço pesa um pouquinho no final do dia.

Apesar de ter kit GNV no carro, o taxista Marcelo Fonseca, de 54 anos, conta que precisa abastacer vez por outro com gasolina ou álcool para não ressecar o motor. Na tentativa de fazer o aumento do combustível caber no orçamento, ele diz que reduziu as compras no mercado e já mudou outros hábitos:

— Estou reduzindo também as saídas, o lazer, para pagar as contas.

Para o motorista de aplicativo Jean Carlos, de 27 anos, os cariocas que têm carro alugado ou financiado são os mais prejudicados pelo aumento:

— Hoje eu tive a notícia do reajuste e fiquei desesperado, porque já parei de ir à praia e ao cinema. Também não faço mais compras acima de R$600 — disse.

O taxista Amaro Louzada, de 60 anos, que estava com o tanque vazio, concorda.

— Tenho usado muito pouco combustível, o tanque tá até vazio. Às vezes, eu nem almoço por causa do dinheiro. Não tenho condições de passear com a minha família — contou.

Para Marcelo de Souza, 41 anos, que trabalha em uma produtora e locadora de áudio e vídeo, o preço da gasolina está muito alto e o álcool não compensa. O álcool é mais barato, mas consome mais, diz.

— Eu só rodo com o carro no final de semana, mas mesmo assim está pesado. Tenho que economizar certas coisas, dar uma cortadinha no lazer para caber no orçamento.

O médico Mauro Dantas, 64 anos, disse que sempre alterna.

— Sempre ponho misturado. Primeiro coloco o álcool e depois completo com a gasolina, porque o meu carro é flex e o álcool polui menos. Boto um pouquinho de gasolina porque só o álcool aumenta o consumo.

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