MONTADORA: Anfavea anunciou, nesta segunda-feira, queda na produção brasileira de veículos em julho de 4,1% / Michele Tantussi / Getty Images (Michele Tantussi/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de fevereiro de 2023 às 14h13.
Um dia após o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva pedir para o empresariado cobrar o Banco Central (BC) pelos juros altos do País, a direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, sustentou que o custo dos financiamentos tem tirado consumidores do mercado de carros.
Ao apresentar os resultados do mês passado, que frustraram as montadoras, com sinais de desaceleração da demanda, Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, disse que a crítica de Lula aos juros tem sido "muito oportuna" ao setor automotivo.
"O setor tem demonstrado que precisamos ter condições de venda. Com a taxa de juros de hoje, os consumidores têm saído do mercado. É fundamental trazer esses consumidores de volta para aumentar volumes e empregos", comentou o dirigente da Anfavea.
Ao citar, além das declarações de Lula sobre os juros, o compromisso com a reindustrialização e as promessas de aprovação da reforma tributária, Leite disse que as manifestações do novo governo estão alinhadas com a agenda da indústria.
Apesar do crescimento de 12,9% das vendas de veículos novos em janeiro, frente ao mesmo mês de 2022, o presidente da Anfavea salientou que o desempenho se deve à base fraca de comparação, já que um ano atrás o mercado sofria ainda com limitações de oferta, em razão da crise no abastecimento de componentes eletrônicos.
O problema do mercado, segundo a Anfavea, agora está mais na demanda, que começa a dar sinais de perda de fôlego em meio aos juros mais altos, do que nos gargalos de produção nas montadoras.
Fevereiro começou com 180,8 mil veículos em estoque nos pátios de montadoras e concessionárias, um volume suficiente para 38 dias de venda. O dado mostra estabilidade em relação ao quadro de um mês atrás, quando os estoques estavam em 188 mil veículos, cobrindo 39 dias de venda.
"O aumento nas vendas de janeiro não se deve à recuperação de demanda, mas à base pressionada do ano anterior por falta de insumo ... Gostaríamos que o crescimento tivesse sido maior. Não foi o crescimento desejado", declarou Leite durante a apresentação à imprensa do primeiro balanço do ano.