CNI: aumento dos juros não afeta otimismo do consumidor
Entidade diz que ambiente econômico favorável em 2010 vai compensar restrição do crédito
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2010 às 17h38.
São Paulo - O ambiente de forte crescimento econômico do país, com geração de empregos e aumento da renda, será suficiente para manter o otimismo do consumidor em 2010. Segundo o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, nem o provável aumento dos juros, nem a consequente restrição do crédito devem abalar a expectativa do consumidor durante o ano.
"Ainda que haja um aumento nos juros, prejudicando as vendas no crédito, os demais fatores da economia são muito positivos. O consumidor tem boa percepção de que a inflação está sob controle. Tudo isso cria um ambiente de boas expectativas, que deve se manter", diz Castelo Branco.
Parte desse cenário já começa a se manifestar. Em maio, o índice nacional de expectativa do consumidor (Inec), apurado pela CNI, aumentou 1,8% na comparação com abril, depois de duas quedas consecutivas. O índice que mede o otimismo com relação à inflação cresceu 1,2%.
Nos próximos dias 8 e 9 de junho (terça e quarta-feira), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para definir se haverá ajuste na taxa Selic. Para conter a inflação, que ameaçava escapar da meta definida pelo governo, a autoridade monetária iniciou um ciclo de alta dos juros em abril, quando elevou a taxa em 0,75 ponto percentual, para 9,5% ao ano.
Emprego e renda
Muito do atual otimismo se deve à expectativa dos consumidores com relação à queda do desemprego. Ela aumentou 4,8% em maio, segundo dados da CNI. Esta foi a maior alta do indicador desde 2007. "O mercado de trabalho está muito ativo e isso dá maiores perspectivas de aumento na renda", afirma Flávio Castelo Branco.
A partir daí, o consumo tende a se manter relativamente estável, mesmo sob os efeitos de um aperto monetário. "Os juros maiores vão resfriar um crescimento forte, dando origem a pequenos ajustes", diz o economista. "Ainda assim, os níveis de emprego em ascensão deverão dar a tônica do aumento do otimismo do consumidor nos próximos meses."