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Chuvas afetam qualidade da soja e causam prejuízos em MT

Soja está pronta para a colheita, mas fica no campo devido à impossibilidade da entrada das máquinas por conta das chuvas

Plantas de soja fotografadas em uma fazenda no município de Primavera do Leste, no Mato Grosso (Paulo Whitaker/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de março de 2014 às 17h17.

São Paulo - Fortes chuvas que assolaram as lavouras de soja de Mato Grosso provocaram não apenas algumas reduções nas projeções do volume a ser colhido, mas principalmente problemas na qualidade dos grãos, o que reduz os valores recebidos pelos produtores.

"Está havendo muita perda na qualidade. É umidade, que tem desconto, e grãos ardidos, avariados, fermentados, e todos os 'ados' possíveis", disse o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Nery Ribas.

Tecnicamente, a soja que está pronta para a colheita, mas fica no campo devido à impossibilidade da entrada das máquinas por conta das chuvas, é prejudicada com o aumento da umidade e pode apresentar "grãos ardidos" (escurecidos e fermentados) sem valor comercial.

Após um início de temporada com clima ideal, Mato Grosso --que responde por cerca de 30 por cento da produção brasileira de soja-- registrou chuvas excessivas nas últimas semanas.

No mês passado, por exemplo, a importante região agrícola do Médio-norte de Mato Grosso teve precipitações 30 por cento acima da média histórica, com grande concentração na segunda quinzena. E nos dez primeiros dias de março já choveu 60 por cento da média para o mês inteiro, segundo dados da Somar Meteorologia.

Os problemas com soja muito úmida são dispersos e variam dependendo da região e do estágio de cada lavoura, dizem especialistas.

Na avaliação do gerente de silo de uma grande empresa compradora de grãos em Nova Mutum (MT), que pediu para não ser identificado, 20 por cento da soja da região sofreu algum tipo de descontos. "Tivemos problemas", disse.

Segundo ele, houve casos de produtores entregando soja com 20 por cento de grãos ardidos, enquanto o nível máximo tolerado, sem descontos, é de 8 por cento.

No exemplo deste produtor, portanto, ele não recebeu nenhum real por 12 por cento da soja que colheu, já que as indústrias brasileiras não pagam por grãos avariados acima do limite regulamentar.

Outro problema comum da colheita em períodos chuvosos é a chegada de grãos com umidade acima do permitido, o que faz com que o peso extra (da água) seja descontado, sem falar nos custos operacionais de secagem.


O Sindicato Rural de Sorriso, um dos maiores municípios produtores de grãos do país, começou esta semana um levantamento para saber das perdas nas lavouras da região, onde as lavouras estão 95 por cento colhidas.

"Devemos ter perda de 10 a 12 por cento com grão ardido, na média do município. Mas tem propriedades onde houve maiores perdas", disse à Reuters o presidente do sindicato, Laércio Lenz.

Estimativas de Safra

Na avaliação dos produtores, muitas vezes órgãos oficiais como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura, e algumas consultorias não captam a diferença entre o volume total de soja colhido e o volume que tem real valor comercial, com projeções de safra que não descontam problemas como grãos ardidos ou avariados.

"A quebra estimada pela Conab vai ser menor que a que o produtor está sentindo", disse Lenz.

A Conab divulgará novas projeções para a safra brasileira de grãos na manhã da quarta-feira, já computando os problemas climáticos recentes no país.

No relatório mais recente, do início de fevereiro, a Conab projetou a safra nacional ainda acima de 90 milhões de toneladas, com Mato Grosso sustentando um recorde de 26 milhões de toneladas.

Neste meio tempo, diversas consultorias brasileiras revisaram para baixo suas projeções para a colheita no Brasil nas últimas semanas, agora na casa de 85-88 milhões de toneladas, citando a seca que atingiu o Sul e o Sudeste do país e também as perdas com a chuva em Mato Grosso.

As reduções de produção para Mato Grosso, no entanto, não tem sido drástica. A consultoria Safras & Mercado, por exemplo, reduziu a projeção para o Estado em 3 por cento de janeiro para fevereiro, a 26,72 milhões de toneladas.

Os problemas devem se manter em Mato Grosso, neste final de colheita, pelo menos até o final da semana.

"Essa semana ainda é de mais chuvas", disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar.

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São Paulo - Fortes chuvas que assolaram as lavouras de soja de Mato Grosso provocaram não apenas algumas reduções nas projeções do volume a ser colhido, mas principalmente problemas na qualidade dos grãos, o que reduz os valores recebidos pelos produtores.

"Está havendo muita perda na qualidade. É umidade, que tem desconto, e grãos ardidos, avariados, fermentados, e todos os 'ados' possíveis", disse o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Nery Ribas.

Tecnicamente, a soja que está pronta para a colheita, mas fica no campo devido à impossibilidade da entrada das máquinas por conta das chuvas, é prejudicada com o aumento da umidade e pode apresentar "grãos ardidos" (escurecidos e fermentados) sem valor comercial.

Após um início de temporada com clima ideal, Mato Grosso --que responde por cerca de 30 por cento da produção brasileira de soja-- registrou chuvas excessivas nas últimas semanas.

No mês passado, por exemplo, a importante região agrícola do Médio-norte de Mato Grosso teve precipitações 30 por cento acima da média histórica, com grande concentração na segunda quinzena. E nos dez primeiros dias de março já choveu 60 por cento da média para o mês inteiro, segundo dados da Somar Meteorologia.

Os problemas com soja muito úmida são dispersos e variam dependendo da região e do estágio de cada lavoura, dizem especialistas.

Na avaliação do gerente de silo de uma grande empresa compradora de grãos em Nova Mutum (MT), que pediu para não ser identificado, 20 por cento da soja da região sofreu algum tipo de descontos. "Tivemos problemas", disse.

Segundo ele, houve casos de produtores entregando soja com 20 por cento de grãos ardidos, enquanto o nível máximo tolerado, sem descontos, é de 8 por cento.

No exemplo deste produtor, portanto, ele não recebeu nenhum real por 12 por cento da soja que colheu, já que as indústrias brasileiras não pagam por grãos avariados acima do limite regulamentar.

Outro problema comum da colheita em períodos chuvosos é a chegada de grãos com umidade acima do permitido, o que faz com que o peso extra (da água) seja descontado, sem falar nos custos operacionais de secagem.


O Sindicato Rural de Sorriso, um dos maiores municípios produtores de grãos do país, começou esta semana um levantamento para saber das perdas nas lavouras da região, onde as lavouras estão 95 por cento colhidas.

"Devemos ter perda de 10 a 12 por cento com grão ardido, na média do município. Mas tem propriedades onde houve maiores perdas", disse à Reuters o presidente do sindicato, Laércio Lenz.

Estimativas de Safra

Na avaliação dos produtores, muitas vezes órgãos oficiais como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura, e algumas consultorias não captam a diferença entre o volume total de soja colhido e o volume que tem real valor comercial, com projeções de safra que não descontam problemas como grãos ardidos ou avariados.

"A quebra estimada pela Conab vai ser menor que a que o produtor está sentindo", disse Lenz.

A Conab divulgará novas projeções para a safra brasileira de grãos na manhã da quarta-feira, já computando os problemas climáticos recentes no país.

No relatório mais recente, do início de fevereiro, a Conab projetou a safra nacional ainda acima de 90 milhões de toneladas, com Mato Grosso sustentando um recorde de 26 milhões de toneladas.

Neste meio tempo, diversas consultorias brasileiras revisaram para baixo suas projeções para a colheita no Brasil nas últimas semanas, agora na casa de 85-88 milhões de toneladas, citando a seca que atingiu o Sul e o Sudeste do país e também as perdas com a chuva em Mato Grosso.

As reduções de produção para Mato Grosso, no entanto, não tem sido drástica. A consultoria Safras & Mercado, por exemplo, reduziu a projeção para o Estado em 3 por cento de janeiro para fevereiro, a 26,72 milhões de toneladas.

Os problemas devem se manter em Mato Grosso, neste final de colheita, pelo menos até o final da semana.

"Essa semana ainda é de mais chuvas", disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar.

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