China vai proibir comércio de marfim e salvar elefantes em 2017
A decisão é uma vitória para ambientalistas, que afirmam que a medida deve ajudar a conter a caça de elefantes na África
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de dezembro de 2016 às 09h26.
Última atualização em 31 de dezembro de 2016 às 09h29.
Pequim - Líder mundial no consumo de marfim, a China anunciou que vai proibir o comércio do produto no país até o fim de 2017. A decisão é uma vitória para ambientalistas, que afirmam que a medida deve ajudar a conter a caça de elefantes na África - o marfim é extraído do dente do animal.
"O anúncio da China é uma mudança de jogo para a conservação do elefante", disse Carter Roberts, presidente-executivo da World Wildlife Fund, em comunicado. "O comércio em grande escala do marfim enfrenta agora seus anos crepusculares", acrescentou.
A decisão, por outro lado, é um golpe para uma indústria global de marfim, sustentada em grande parte pela demanda chinesa. A medida foi tomada depois de anos de pressão interna e internacional sobre Pequim para interditar um comércio que ameaça a extinção de elefantes africanos selvagens.
O Conselho de Estado, equivalente ao poder Executivo da China, disse em comunicado que o fechamento da indústria doméstica de marfim ocorrerá em fases, começando no fim de março por um grupo de fábricas de processamento e lojas de varejo. As agências governamentais ajudarão os trabalhadores do setor na sua transição para profissões afins, como a escultura em madeira e osso ou a restauração de artefatos em museus.
Os proprietários atuais de produtos de marfim poderão mantê-los, transferi-los como presentes, legá-los a descendentes ou vendê-los em leilões supervisionados após obter aprovação oficial. As autoridades também lançarão campanhas para educar o público sobre as iniquidades do comércio do produto.
Na China, o marfim é muitas vezes considerado como um símbolo de riqueza e status. A demanda chinesa ajuda a sustentar uma indústria de caça furtiva que mata entre 20 mil e 30 mil elefantes anualmente, de acordo com o World Wildlife Fund.
A China tem sido o principal destino para o marfim de origem africana desde pelo menos 2002, de acordo com dados do Elephant Trade Information System, uma ferramenta de monitoramento internacional. Alguns especialistas em vida selvagem estimam que os consumidores chineses recebem até 70% da oferta global de marfim.
O país tem 34 fábricas de processamento de marfim e 143 centros de vendas designados, todos os quais devem ser encerrados até o final de 2017.