Economia

China se compromete a importar produtos agrícolas dos EUA

Pequim e Washington classificaram negociações como "construtivas" e nova rodada de conversas entre as potências vai ocorrer em setembro nos Estados Unidos

EUA-China: representantes de ambos os países negociam acordo comercial (Ng Han Guan/Reuters)

EUA-China: representantes de ambos os países negociam acordo comercial (Ng Han Guan/Reuters)

A

AFP

Publicado em 31 de julho de 2019 às 12h42.

As negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos realizadas nesta terça e quarta-feiras, em Xangai, foram "construtivas", apontaram as duas partes, que vão fazer uma nova reunião em setembro.

Pequim e Washington travam desde o ano passado uma guerra comercial que se traduziu pela imposição recíproca de tarifas punitivas que totalizam 360 bilhões de dólares.

Na retomada das discussões diretas, depois de três meses, os negociadores discutiram o "aumento pela China de suas compras de produtos agrícolas americanos, em função de suas necessidades nacionais" e a necessidade de os Estados Unidos "criarem condições favoráveis" a essas compras, informou a agência de notícias chinesa Xinhua.

Pouco depois da chegada da delegação americana a Xangai na terça, Trump criticou Pequim no Twitter, afirmando que o país asiático deveria aumentar suas compras de produtos agrícolas, mas "nada indica que estão fazendo isso".

"Este é o problema com a China, ela não faz" o que fiz, acrescentou em declarações que derrubaram os mercados financeiros.

Nesta quarta, a imprensa chinesa respondeu.

"Fazer críticas pouco construtivas no momento da retomada das negociações comerciais (...) parece ter se tornado um hábito", escreveu em seu editoral o "Global Times", jornal de língua inglesa considerado próximo ao poder.

"A melodia é novamente perturbada pelo barulho dos tambores de alguns americanos", lamentou o "Jornal do Povo", sem mencionar Donald Trump explicitamente.

"Estamos contentes que as duas partes conseguiram avançar na questão da compra dos produtos agrícolas americanos", comemorou, por sua vez, Jake Parker, da Câmara de Comércio Americana na China, lembrando que Pequim "é um parceiro de importância crucial" para os Estados Unidos.

Segundo a Casa Branca, que também classificou as negociações como "construtivas", a China "confirmou seu compromisso de aumentar as compras de exportações agrícolas dos Estados Unidos".

Após quatro horas de discussões, o representante americano para o Comércio, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, posaram para os fotógrafos com o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, um colaborador próximo do presidente Xi Jinping, que chefiou a delegação chinesa.

A disputa comercial que envenena as relações entre Pequim e Washington chegou ao campo da tecnologia. A gigante chinesa de telecomunicações Huawei foi incluída em maio na lista negra da administração americana por razões de segurança nacional.

Poucos dias antes da retomada das negociações, o presidente americano estimou que a China apostava no tempo e aguardava a eleição presidencial americana em 2020, na esperança de sua derrota.

Mas, ele ameaçou, teria então um acordo "muito mais duro do que o que estamos negociando agora... ou acordo nenhum", se ganhar a votação.

Donald Trump também ameaçou denunciar o status dos países em desenvolvimento membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), uma medida que se concentra principalmente na China.

O presidente americano garante que sua guerra comercial prejudica a China mais que os Estados Unidos.

Reunidos na terça-feira, os principais líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) alertaram para "novos riscos e crescente pressão de queda" na economia chinesa.

A próxima rodada de discussões vai acontecer nos Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)Guerras comerciaisNegociações

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega