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China quer mais comércio e menos travas

O presidente da China conseguiu apoio dos sócios no Fórum da Apec com o objetivo de criar zona de livre comércio na região Ásia-Pacífico

O presidente da China, Xi Jinping: todos têm os olhos voltados para o emergente mercado chinês (Jorge Silva/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2014 às 09h55.

Pequim - O presidente chinês, Xi Jinping, conseguiu nesta terça-feira o apoio dos sócios no Fórum de Cooperação Econômica Ásia -Pacífico (Apec) para iniciar um "mapa do caminho" com o objetivo de criar uma zona de livre comércio na região Ásia-Pacífico (FTAAP).

"Aprovamos o mapa do caminho para que a Apec promova e realize a FTAAP", disse Xi ao fim de dois dias de reunião de cúpula em Pequim entre os governantes das 21 economias que integram a Apec, que juntas respondem por 44% do comércio mundial.

"Esta decisão simboliza o lançamento oficial do processo", afirmou Xi, que se empenhou em avançar com a questão por ter ficado de fora das negociações da Aliança Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), lideradas pelos Estados Unidos e nas quais participam apena 12 dos 21 membros da Apec.

Xi pediu aos sócios que "façam avançar com determinação o FTAAP, definindo claramente os objetivos, a direção e o mapa do caminho e transformar o desejo em realidade o mais rápido possível".

Muitos consideram o empenho da China de ampliar a área de livre comércio um interesse em diluir a influência dos Estados Unidos em uma região na qual Pequim tem cada vez mais força, graças ao impulso de segunda economia mundial e sua posição de 'banco' do mundo.

O anfitrião da cúpula deixou de lado o restante para demonstrar o poderio do regime comunista-capitalista chinês, com um cenário cinematográfico, a construção de edifícios e hotéis para a ocasião, tentando minimizar as múltiplas divergências territoriais que prejudicam as relações com alguns de seus vizinhos para que o encontro fosse um sucesso.

Armados com uma pá, a nota simpática desta terça-feira, os chefes de Estado e Governo plantaram 21 árvores na área do centro de convenções às margens do lago Yanqi, ao norte de Pequim.

Degelo

O fórum da Apec proporcionou em dois dias encontros que não estavam previstos.

Os presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, conversaram em quatro oportunidades, três delas nesta terça-feira, sobre temas como Ucrânia, Síria e Irã.

As relações entre Washington e Moscou passam pelo pior momento desde a Guerra Fria, após a decisão dos países ocidentais de impor sanções econômicas à Rússia pela anexação da Crimeia no início do ano e o papel que desempenha no conflito separatista no leste da Ucrânia, que ameaça virar uma guerra total.

Também quebraram o gelo o presidente chinês e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que considerou lamentável que durante muito tempo (três anos) não tenha acontecido nenhum encontro bilateral entre as duas principais economias da Ásia, que entraram em uma escalada perigosa por disputas históricas e uma divergência territorial.

Mas os dois não esconderam a frieza nas ocasiões em que apertaram as mãos durante a reunião.

Obama tem uma reunião prevista com Jinping após a Apec, mas o relacionamento entre os dois países também enfrentam uma crise por problemas de espionagem cibernética e tensões comerciais, antes de viajar a Mianmar e depois a Austrália.

Mas a tensão não foi obstáculo para que a Casa Branca anunciasse um acordo com a China para eliminar taxas de importação a produtos de tecnologia da informação, com GPS, equipamentos médicos, consoles de vídeo games, programas para computadores e semicondutores da próxima geração.

O anúncio pode acelerar as negociações destinadas a ampliar o Acordo sobre as Tecnologias da Informação (ATI) alcançado há 17 anos na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Investimentos

Todos, sem exceção, têm os olhos voltados para o emergente mercado chinês, com mais de 1,3 bilhão de consumidores, e em sua capacidade de investimento.

As 21 economias da Apec contam com 40% da população mundial, respondem por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) e quase a metade do comércio do planeta.

O encontro também permitiu observar a consolidação dos novos laços geopolíticos, em particular entre China e Rússia, que aproveitaram para aprofundar a cooperação com a assinatura de novos acordos na área de gás.

São Paulo – Estudo produzido pela consultoria KPMG afirma que pensar na China como o lugar ideal para se terceirizar a produção é coisa do passado. O país já começa a abandonar sua posição de fabricante de itens de baixo custo. Nick Debnam, responsável pela divisão de Mercado Consumidor para Ásia e Pacífico da KPMG, afirma que é possível observar dispersão da produção de alguns itens, antes concentrada na China. “Um dos exemplos é a confecção de calçados, deslocada para o Vietnã e a Indonésia”, diz. Por enquanto, a China continua líder na manufatura de bens de menor valor. Nenhum país da região consegue igualar sua escala de produção e raros são os que apresentam uma infraestrutura com chances de competir. Entretanto, além dos salários no país terem aumentado, e os custos de produção, crescido, há também o fato de que a média de idade da população economicamente ativa da China vem aumentando. O estudo aponta 10 países do sul e do sudeste asiático que, por terem média salarial mais baixa, incentivos para atrair fábricas estrangeiras e uma força de trabalho mais jovem, são promissores candidatos a se tornarem a próxima China dentro de poucas décadas. Veja nas fotos ao lado quais são estes países.
  • 2. Bangladesh

    2 /11(Wikimedia Commons)

  • Veja também

    As exportações de países como Bangladesh aumentaram e começam a chamar a atenção. O país se destaca pelo baixo custo para se construir e operar uma fábrica, tornando-o atrativo para empresas estrangeiras. Bangladesh, segundo a KPMG, é um dos únicos países capazes de alcançar o mesmo desempenho em exportação, sobretudo de têxteis, da China.
    População164 milhões de habitantes
    Idade (média)25 anos
    PIB (dólares)105,4 bilhões
    Acordos comerciaisÁsia-Pacífico, Sul da Ásia
    ExportaçõesUE (51,2%), EUA (25,7%), India (4%), Canada (3,5%), China (1,7%)
  • 3. Camboja

    3 /11(Wikimedia Commons)

  • Acordos comerciais importantes impulsionaram as exportações do Camboja para a União Europeia nos últimos anos. No país, a manufatura já corresponde a 15% do PIB. O Camboja tem diversos atrativos para empresas estrangeiras, mas um dos destaques é a idade média de sua população economicamente ativa, que é de 22 anos, 12 a menos do que na China.
    População14 milhões de habitantes
    Idade (média)22 anos
    PIB (dólares)11,4 bilhões
    Acordos comerciaisAustrália, Nova Zelândia, Índia, Japão, Coréia do Sul e China
    ExportaçõesEUA (45,2%), Hong Kong (19,3%), UE (17,4%), Canadá (6,7%), Vietnã (3,9%)
  • 4. Índia

    4 /11(Wikimedia Commons)

    A participação da Índia nas exportações mundiais vem crescendo desde 2009. O país concentra esforços na produção itens como os de vestuário, que são um dos destaques, e móveis. A Índia combina baixo custo de instalação de fábricas e média salarial inferior à da região a um abundante contingente de mão-de-obra.
    População1,1 bilhão de habitantes
    Idade (média)25 anos
    PIB (dólares)1,4 trilhão
    Acordos comerciaisSul da Ásia, Mercosul, Afeganistão, Butão, Chile, Coreia do Sul, Nepal, Cingapura e Sri Lanka
    ExportaçõesUE (20,5%), Emirados Árabes (14,4%), EUA (10,8%), China (5,9%), Hong Kong (4%)
  • 5. Indonésia

    5 /11(Wikimedia Commons)

    Além de Bangladesh, a Indonésia é o único outro país em condições de ter um desempenho nas exportações parecido com o Chinês, segundo o estudo da KPMG. A venda de calçados do país para o exterior subiu 42% em 2010, e este é apenas um dos exemplos. O país atrai empresas estrangeiras por ter mão de obra abundante e baixo custo, tanto de logística, quanto para instalar uma fábrica.
    População233 milhões de habitantes
    Idade (média)28 anos
    PIB (dólares)695 bilhões
    Acordos comerciaisSudeste asiático, Austrália, Nova Zelândia, Índia, Japão, Coreia do Sul e China
    ExportaçõesJapão (15,9%), UE (11,7%), China (9,9%), EUA (9,3%), Cingapura (8,8%)
  • 6. Malásia

    6 /11(Wikimedia Commons)

    Mais de 25% do PIB da Malásia já corresponde à manufatura. O país, de acordo com o estudo da KPMG, tem fortes fatores competitivos na indústria têxtil. O principal deles é a mão de obra, “fortemente especializada”. Outro destaque do país é sua infraestrutura portuária. Um de seus portos para contêineres está entre os 50 melhores do mundo e compete com os da China.
    População28 milhões de habitantes
    Idade (média)26 anos
    PIB (dólares)219 bilhões
    Acordos comerciaisSudeste asiático, Austrália, Nova Zelândia, Índia, Japão, Coreia do Sul e China
    ExportaçõesCingapura (14%), China (12,2%), EUA (11%), UE (10,9%), Japão (9,8%)
  • 7. Paquistão

    7 /11(Getty Images)

    Os custos da mão de obra são uma das boas razões para se investir em fábricas no Paquistão, segundo o estudo da KPMG. Além disso, o país tem a força de trabalho mais jovem da região: 21 anos, em média, 13 a menos do que na China. No Paquistão, 17% do PIB corresponde à manufatura.
    População173 milhões de habitantes
    Idade (média)21 anos
    PIB (dólares)174,8 bilhões
    Acordos comerciaisSul da Ásia, China, Irã, Malásia, Ilhas Maurício, Sri Lanka
    ExportaçõesUE (24,6%), EUA (18,3%), Emirados Árabes (8,8%), Afeganistão (7,8%), China (5,7%)
  • 8. Sri Lanka

    8 /11(Wikimedia Commons)

    O Sri Lanka já conta com importantes acordos comerciais para exportação. Atualmente, 36,9% de tudo que o país vende para fora vai para a União Europeia. Outros 23% vão para os Estados Unidos. O país conta com um importante porto para contêineres, o 29º maior do mundo, segundo o estudo da KPMG.
    População20 milhões de habitantes
    Idade (média)31 anos
    PIB (dólares)48,2 bilhões
    Acordos comerciaisSul da Ásia, Ásia-Pacífico, Índia, Paquistão
    ExportaçõesUnião Europeia (36,9%), EUA (23,1%), Índia (5,1%), Emirados Árabes (3,1%), Rússia (2,7%)
  • 9. Tailândia

    9 /11(Wikimedia Commons)

    A Tailândia se destaca, dentre outras áreas, pela produção de componentes de equipamentos eletrônicos para exportar à China. O país firmou tratados comerciais com países do sudeste asiático, China e Japão. E tem a União Europeia como principal destino de suas exportações (11,9%, segundo o estudo da KPMG).
    População68 milhões de habitantes
    Idade (média)33 anos
    PIB (dólares)312,6 bilhões
    Acordos comerciaisSudeste asiático, Austrália, China, Japão, Laos, Nova Zelândia, Coreia do Sul
    ExportaçõesUE (11,9%), EUA (10,9%), China (10,6%), Japão (10,3%), Hong Kong (6,2%)
  • 10. Filipinas

    10 /11(Wikimedia Commons)

    Países “mais jovens e baratos” como as Filipinas são bons para atrair investimentos, segundo aponta o relatório da consultoria KPMG. As ilhas têm importantes acordos comerciais com o sudeste da Ásia, além da Nova Zelândia, Austrália, Índia, Japão, Coreia do Sul e China. A União Europeia é o principal destino das exportações das Filipinas, ficando com 20,7% do que é vendido ao exterior.
    População94 milhões de habitantes
    Idade (média)23 anos
    PIB (dólares)189,1 bilhões
    Acordos comerciaisSudeste asiático, Austrália, China, Japão, Nova Zelândia, Coreia do Sul
    ExportaçõesUE (20,7%), EUA (17,7%), Japão (16,2%), Hong Kong (8,4%), China (7,6%)
  • 11. Vietnã

    11 /11(Wikimedia Commons)

    O Vietnã é um dos principais países produtores de calçados da região. O país tem ainda uma das mais baratas forças de trabalho, assim como baixos custos para instalação de fábricas. Além disso, a escala da produção vietnamita tem aumentado “dramaticamente”, segundo a KPMG, à medida que a infraestrutura do país se desenvolve rapidamente.
    População88 milhões de habitantes
    Idade (média)29 anos
    PIB (dólares)102 bilhões
    Acordos comerciaisSudeste asiático, Austrália, China, Japão, Nova Zelândia, Coreia do Sul
    ExportaçõesEUA (19%), UE (17,4%), Japão (13,5%), China (7,7%), Austrália (6,9%)
  • Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaComércio

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