Economia

China pode adotar crescimento populacional como prioridade

Diante de uma bomba-relógio demográfica que ameaça a ascensão econômica da China, o presidente estuda adotar o crescimento populacional como prioridade


	Chineses: estrategistas econômicos de Xi poderão pela primeira vez colocar as “políticas populacionais” à frente do produto interno bruto
 (China Photos/Getty Images)

Chineses: estrategistas econômicos de Xi poderão pela primeira vez colocar as “políticas populacionais” à frente do produto interno bruto (China Photos/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2015 às 17h33.

Diante de uma bomba-relógio demográfica que ameaça a ascensão econômica da China, o presidente Xi Jinping está estudando adotar o crescimento populacional como prioridade, segundo uma fonte informada sobre as discussões.

Os estrategistas econômicos de Xi poderão pela primeira vez colocar as “políticas populacionais” à frente do produto interno bruto no próximo plano de desenvolvimento do país, disse a fonte, que pediu anonimato porque o assunto é privado.

Esse enfoque prepara o terreno para uma série de mudanças em normas relacionadas à saúde, às pensões e ao bem-estar social e também poderá cancelar os limites ao número de filhos permitido para algumas famílias, disse uma fonte.

Vivendo há mais de três décadas uma expansão industrial que criou a segunda maior economia do mundo, a China está tendo dificuldades para enriquecer antes de envelhecer.

No ano passado, a população economicamente ativa do país encolheu pela primeira vez em pelo menos duas décadas e o crescimento registrou uma desaceleração, o que faz lembrar a diminuição no ritmo econômico observada no Japão no fim dos anos 1990. Como parte da mudança, o governo poderá reduzir sua meta de crescimento bruto, hoje em 7 por cento, para uma faixa entre 6,5 e 7 por cento e transformá-la em uma diretriz flexível, disse a fonte.

Mu Guangzong, professor do Instituto de Pesquisa Populacional da Universidade de Pequim, disse que para evitar o mesmo destino do Japão é preciso adotar uma ação imediata para relaxar as restrições aplicadas aos nascimentos e fortalecer as proteções sociais aos idosos.

“As reformas estão ficando muito para trás e têm sido muito cautelosas”, disse Mu. “Temos que deixar de restringir os nascimentos e passar a incentivá-los o mais rapidamente possível. Precisamos concretizar uma profunda mudança na política populacional”.

Política do filho único

A política do “filho único”, que limita a um ou dois o número de filhos para a maioria dos casais, dependendo de sua origem étnica e do lugar onde vivem, foi um dos pilares das medidas tomadas pelo falecido líder Deng Xiaoping para reformular a economia.

Quando a política foi adotada, há 36 anos, acreditava-se que a taxa de natalidade de quase 3 crianças por mulher pesava sobre o crescimento econômico.

Desde então, o limite foi flexibilizado e os pedidos para que seja completamente eliminado ganharam força depois que a taxa de fertilidade despencou e corroeu a mão de obra. Em dezembro de 2013, o Parlamento permitiu que os casais tenham dois filhos se ambos os pais forem filhos únicos.

O desafio que a China enfrenta está motivando pessoas como Feng Yanbin, 37, de Pequim, a darem um irmão ou irmã à filha. O custo de criar um segundo filho tem desencorajado Feng e o marido, apesar de eles terem direito.

Situação econômica

“Ter um filho na China é um teste para o poder econômico de uma família”, disse Feng. “A política mudou, mas a geração mais jovem das cidades ainda precisa estudar sua situação econômica antes de ter um bebê”.

Cerca de 1,5 milhão de casais havia se candidatado para ter um segundo filho por meio da nova política até maio, segundo a Comissão Nacional de Saúde e Planejamento Familiar do país.

O total ficou abaixo das projeções oficiais de 2 milhões de nascimentos a mais por ano.

“O ajuste na política de natalidade, por si só, não poderá resolver nossa profunda crise populacional”, disse Mu, da Universidade de Pequim.

“Nós precisamos acompanhar esse ajuste com políticas sociais e públicas, como, por exemplo, de cuidados com os idosos. A sociedade deveria oferecer uma rede de proteção a eles”.

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