A China enfrenta riscos externos, como tarifas anunciadas pelos Estados Unidos (Kim Kyung-hoon / Reuters/Reuters)
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Publicado em 5 de junho de 2018 às 10h40.
Pequim - A reestruturação econômica da China está acelerando, com o setor industrial mostrando sinais de mudança para áreas de maior valor agregado, o que é positivo para o crédito, disseram analistas da Moody's Investors Service nesta terça-feira.
A China vem cortando o excesso de capacidade na indústria pesada nos últimos anos para revitalizar a lucratividade no setor e reduzir os altos níveis de endividamento, ao mesmo tempo em que encoraja as fábricas a adotarem uma produção de maior valor agregado, como robótica e aeroespacial, sob sua iniciativa "Feito na China 2025".
"Se tais medidas levarem a uma realocação de recursos trabalhistas e de capital que transferem o crédito para setores com maior crescimento da produtividade, elas sustentarão a qualidade de crédito do governo chinês ao aumentar sua capacidade de pagar a dívida", disse Marie Diron, diretora administrativa do Moody's Sovereign Risk Group, em uma conferência em Pequim.
Mas Diron advertiu que as obrigações das empresas estatais continuam a superar o crescimento econômico, mesmo que as autoridades tenham feito algum progresso na redução de riscos no sistema financeiro.
O grau com que a China conseguiu conter o sistema bancário paralelo no ano passado, com o crescimento econômico permanecendo forte, surpreendeu, disse Diron, embora a economia chinesa ainda conte com estímulo para crescer já que as taxas atuais de expansão são maiores do que a estimativa da Moody's para o crescimento potencial do PIB orgânico.
A China e o resto da Ásia também continuam enfrentando riscos externos, como medidas punitivas de comércio dos Estados Unidos, já que a China continua dependente do fornecimento de tecnologia dos EUA e outras economias avançadas no curto prazo, segundo uma apresentação da Moody's na conferência.
Mas no longo prazo, a China continuará concentrada no desenvolvimento de setores de alta tecnologia, com ou sem suprimentos dos EUA, já que são essenciais para seu plano de crescimento, disse Lillian Li, vice-presidente do Moody's Credit Standards and Research Group.
"A China tem as alavancas financeiras e políticas para perseguir este plano, e a sustentação dos gastos do setor público não alteraria significativamente sua força fiscal e perfil de crédito soberano", disse Li na conferência.