EUA-China: líderes das potências mundiais tentam acordo comercial (Jonathan Ernst/Reuters)
AFP
Publicado em 29 de março de 2019 às 18h02.
Representantes da China e dos Estados Unidos concluíram nesta sexta-feira uma nova rodada de negociações comerciais em Pequim para superar a amarga disputa entre os dois gigantes que mantém a economia global em suspense.
"O representante comercial dos EUA, Robert Lighthtizer, e eu concluímos negociações comerciais construtivas em Pequim. Espero receber o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, para continuar com essas importantes discussões em Washington na semana que vem", escreveu o secretário Tesouro americano, Steven Mnuchin, no Twitter.
Horas mais tarde, o conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou que os representantes de Washington e Pequim tinham conquistado "grandes avanços" nesta última rodada de negociações.
Os dois gigantes procuram superar as diferenças. A principal queixa americana é que a China usa práticas comerciais desleais, como enormes subsídios a suas empresas e a transferência forçada de tecnologia estrangeira.
Em Washington, o presidente Donald Trump mencionou várias vezes a proximidade de um acordo, mas os negociadores minimizaram a possibilidade de um entendimento iminente.
"As duas partes continuam avançando durante as discussões sinceras e construtivas sobre as negociações e os próximos passos importantes", afirmou a Casa Branca em nota nesta sexta.
Liu será o chefe da delegação chinesa na nova rodada de negociações, que começará em 3 de abril em Washington.
Na quinta, Kudlow disse a repórteres que as negociações podem ser prorrogadas por semanas ou meses, se necessário.
Por sua vez, o Ministério do Comércio da China expressou em nota que há muito trabalho a ser feito antes de um acordo.
Os Estados Unidos e a China impuseram tarifas de US $ 360 bilhões, embora os dois países tenham concordado em uma trégua em dezembro para dar aos negociadores uma oportunidade.
No entanto, Trump sugeriu na semana passada que algumas dessas tarifas poderiam permanecer mesmo no caso de um acordo, para garantir que a China cumprisse sua parte.
"Temos que ver o que acontece e vamos desistir de nossa vantagem", disse Kudlow.
"Isso não significa necessariamente que todas as tarifas serão mantidas, mas algumas delas serão", disse o funcionário à Bloomberg.
A insistência dos Estados Unidos em manter a primeira parte de tarifas de 25% sobre 50 bilhões de dólares em importações chinesas pode ser um empecilho ao acordo.
É difícil prever se a China aceitará um acordo que deixe parte das tarifas ativas, disse o economista Cui Fan, da Universidade de Negócios e Economia de Pequim.
Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, concordaram em dezembro com uma trégua e pediram "um acordo que seja alcançado o quanto antes, na direção de uma suspensão mútua de tarifas punitivas aplicadas por ambos os lados", disse Cui.
A China, no entanto, tomou medidas sobre as críticas americanas.
No início de março, o Parlamento chinês repentinamente aprovou uma lei que protege as empresas estrangeiras da necessidade de transferir tecnologia, uma das principais queixas dos Estados Unidos.
Além disso, a China aumentou suas compras de produtos agrícolas americanas, especialmente soja.
Espera-se que grandes compras de produtos dos EUA façam parte do acordo que está sendo negociado para reduzir o gigantesco déficit comercial dos Estados Unidos com a China, que chegou a 419,2 bilhões de dólares no ano passado.