Economia

Captação do Bradesco pode inaugurar enxurrada de dólares

Emissões externas de empresas brasileiras devem chegar a 600 milhões nos próximos dias

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h32.

O Banco Bradesco surpreendeu o mercado financeiro no início da tarde da terça-feira ao anunciar a captação de 250 milhões de dólares. O dinheiro veio por meio da emissão de uma nota promissória de nove meses de prazo, pagando juros de 6,25% ao ano. Inicialmente, o banco pretendia captar apenas 50 milhões.

Mal os profissionais do mercado financeiro digeriam a notícia, outros quatro bancos anunciaram a abertura de captações. O Itaú anunciou a intenção de captar pelo menos 50 milhões de dólares com um papel de 11 meses, pagando um máximo de 6,5% ao ano. O Unibanco começou a oferecer 75 milhões de dólares em papéis, competindo com 50 milhões em uma emissão do banco ABN Amro e mais 50 milhões do banco Votorantim. "O Brasil pode atrair mais de 600 milhões de dólares entre hoje e amanh", disse um executivo de um dos bancos envolvidos nessas captações.

O resultado da venda do Bradesco e o anúncio das quatro outras captações mostra uma brutal reversão das perspectivas do mercado financeiro. Até pouco antes do fim do ano passado, os investidores internacionais tinham fechado completamente suas portas para o Brasil. Mesmo oferecendo elevadas taxas de juros, as empresas de primeira linha do Brasil não conseguiam captar dinheiro, mesmo que oferecessem taxas de juros superiores a 10% ao ano em dólares.

As emissões anunciadas hoje mostram que o mercado internacional está bem mais disposto a comprar títulos brasileiros. Os juros pagos pelos papéis caíram muito. Eles estão embutindo um prêmio máximo de 5% (500 pontos-base) sobre os títulos do Tesouro americano de prazo equivalente. Nos piores momentos da crise, o prêmio de risco chegou a superar 22% ao ano.

Obviamente, os reflexos foram imediatos sobre o câmbio. Instantes após o anúncio da captação do Bradesco, o dólar acelerou sua queda. O câmbio era cotado a 3,30 reais, queda de 1,19% em relação à véspera. No ano, a queda acumulada é de 6,5%. É a menor cotação desde 17 de setembro de 2002.

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