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Calote em cartão de crédito chega a 27%

Brasileiros nunca estiveram tão enrolados com as faturas

Consumidores estão comprometendo uma parte muito grande da renda (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2012 às 07h31.

Brasília - Nuvens pairam sobre o mundo do cartão de crédito. Após anos de crescimento exuberante, o setor sofre cada vez mais com um problema que tira o sono de muita gente: o calote. Em tempos de economia vacilante, brasileiros nunca estiveram tão enrolados com as faturas e a inadimplência atingiu 27,3% em abril, nível mais alto para o mês na série histórica do Banco Central.

Se o critério for mais rígido e também levar em conta quem atrasou o pagamento do extrato de 15 a 89 dias, o número de consumidores com problemas salta para 38,8%. São R$ 14,6 bilhões que não entraram nos cofres dos bancos.

O cartão sempre teve inadimplência mais alta que outras operações. Na média de 2005 a 2010, por exemplo, o calote médio ficou em 24,1%, bem superior aos 9% do cheque especial. O problema é que a taxa voltou a avançar mais rápido e, agora, gira em torno dos níveis recordes da série.

Comprometimento

Descontrole financeiro, superendividamento e perda de renda são apontados como as causas do problema. "É sinal de que consumidores comprometeram parte muito grande da renda", diz o presidente do Programa de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar), Claudio Felisoni de Angelo.

Mas os motivos extrapolam os problemas pessoais. "Clientes compram mais porque acreditam que o ganho de renda dos últimos anos vai se repetir. Ninguém pensa que a crise pode tirar o emprego ou estancar a renda", diz o professor de finanças pessoais da Universidade de Brasília, Newton Marques.

Há um terceiro motivo mais recente: consumidores podem estar sendo, erroneamente, incentivados a usar o cartão mais que o necessário. "O esforço do governo em dizer que o juro caiu pode estar fazendo com que muitos usem mais. O juro caiu em algumas linhas, mas quase nada no cartão", diz Felisoni.

"Antes éramos jogados do 23.º andar. Hoje, é do 18.º. O resultado final é o mesmo." Pesquisa recente da Associação dos Executivos de Finanças (Anefac) mostra que a taxa média do cartão segue em 10,69% ao mês há pelo menos um ano.


Nova classe média

O descontrole financeiro é mais comum entre clientes que têm pouca familiaridade com o cartão. O problema afeta especialmente a chamada nova classe média. E, nos últimos anos, a ascensão social de milhões de famílias aconteceu com um acessório quase obrigatório: o cartão na carteira. É quase tão simbólico como o iogurte no início do Plano Real.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito, o universo de cartões de crédito e de loja alcançou 440 milhões em maio. É como se cada brasileiro levasse 2,3 deles no bolso. Isso sem contar os que têm apenas a função débito. Em 2003, eram 116 milhões de cartões ou 0,6 por habitante.

O boom aconteceu principalmente porque bancos viram no cartão de crédito uma porta de entrada para novos clientes. O problema, porém, é que muitos não sabem como a operação funciona. "Muitos pagavam o mínimo e achavam que a dívida estava quitada", lamenta um executivo do setor.

O Banco Central até atuou e, há um ano, o pagamento mínimo aumentou de 10% para 15% do total da fatura. O porcentual deveria ter subido para 20% em dezembro, mas o governo desistiu. Se o porcentual tivesse subido, os problemas poderiam ser ainda piores, dizem os analistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Se o critério for mais rígido e também levar em conta quem atrasou o pagamento do extrato de 15 a 89 dias, o número de consumidores com problemas salta para 38,8%. São R$ 14,6 bilhões que não entraram nos cofres dos bancos.

O cartão sempre teve inadimplência mais alta que outras operações. Na média de 2005 a 2010, por exemplo, o calote médio ficou em 24,1%, bem superior aos 9% do cheque especial. O problema é que a taxa voltou a avançar mais rápido e, agora, gira em torno dos níveis recordes da série.

Comprometimento

Descontrole financeiro, superendividamento e perda de renda são apontados como as causas do problema. "É sinal de que consumidores comprometeram parte muito grande da renda", diz o presidente do Programa de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar), Claudio Felisoni de Angelo.

Mas os motivos extrapolam os problemas pessoais. "Clientes compram mais porque acreditam que o ganho de renda dos últimos anos vai se repetir. Ninguém pensa que a crise pode tirar o emprego ou estancar a renda", diz o professor de finanças pessoais da Universidade de Brasília, Newton Marques.

Há um terceiro motivo mais recente: consumidores podem estar sendo, erroneamente, incentivados a usar o cartão mais que o necessário. "O esforço do governo em dizer que o juro caiu pode estar fazendo com que muitos usem mais. O juro caiu em algumas linhas, mas quase nada no cartão", diz Felisoni.

"Antes éramos jogados do 23.º andar. Hoje, é do 18.º. O resultado final é o mesmo." Pesquisa recente da Associação dos Executivos de Finanças (Anefac) mostra que a taxa média do cartão segue em 10,69% ao mês há pelo menos um ano.


Nova classe média

O descontrole financeiro é mais comum entre clientes que têm pouca familiaridade com o cartão. O problema afeta especialmente a chamada nova classe média. E, nos últimos anos, a ascensão social de milhões de famílias aconteceu com um acessório quase obrigatório: o cartão na carteira. É quase tão simbólico como o iogurte no início do Plano Real.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito, o universo de cartões de crédito e de loja alcançou 440 milhões em maio. É como se cada brasileiro levasse 2,3 deles no bolso. Isso sem contar os que têm apenas a função débito. Em 2003, eram 116 milhões de cartões ou 0,6 por habitante.

O boom aconteceu principalmente porque bancos viram no cartão de crédito uma porta de entrada para novos clientes. O problema, porém, é que muitos não sabem como a operação funciona. "Muitos pagavam o mínimo e achavam que a dívida estava quitada", lamenta um executivo do setor.

O Banco Central até atuou e, há um ano, o pagamento mínimo aumentou de 10% para 15% do total da fatura. O porcentual deveria ter subido para 20% em dezembro, mas o governo desistiu. Se o porcentual tivesse subido, os problemas poderiam ser ainda piores, dizem os analistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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