Economia

Califórnia abre caminho para o negócio da maconha recreativa

As vendas legais de maconha nos Estados Unidos e no Canadá alcançaram em 2016 mais de US$ 11,7 bilhões

Maconha: mercado legal é bilionário (OpenRangeStock/Thinkstock)

Maconha: mercado legal é bilionário (OpenRangeStock/Thinkstock)

E

EFE

Publicado em 31 de dezembro de 2017 às 15h09.

Los Angeles - Estado mais populoso dos Estados Unidos, a Califórnia abre neste dia 1º de janeiro de 2018 seu mercado ao comércio da maconha recreativa, com projeções que indicam um faturamento anual de pelo menos US$ 7 bilhões.

A maior economia de todos os estados do país, e entre as mais poderosas do planeta, se soma assim aos outros territórios americanos onde o consumo e comércio de maconha já é legal, embora sob um regulamento estrito, e faz isso com 60 estabelecimentos que já contam com licenças de funcionamento.

"O Escritório do Tesouro estima que em 2020 teremos US$ 7,2 bilhões em vendas de maconha legal na Califórnia. E US$ 1 bilhão em impostos", afirmou à Agência Efe Elizabeth Ashford, do Grupo Operacional de Cannabis de Los Angeles (LACTF).

Para Ashford, os números "são conservadores". Isso porque, apesar do rápido crescimento em outros estados onde a cannabis também é legal, como Nevada, que gerou mais de US$ 19 milhões em impostos em seus quatro primeiros meses, a Califórnia os superaria prontamente, devido às altas expetativas de compradores.

As vendas legais de maconha nos Estados Unidos e no Canadá alcançaram em 2016 mais de US$ 11,7 bilhões e se espera que cheguem a US$ 23 bilhões nos próximos cinco anos, segundo a empresa de consultoria ArcView, que também prevê benefícios no mercado de trabalho.

"A indústria de cannabis cria trabalhos e diminui o desemprego", assegurou à Efe John Downs, diretor da ArcView, que acrescenta que Colorado, onde a maconha recreativa é legal desde 2014, registra "um desemprego menor desde a legalização" e é "o mais baixo do país".

Os sindicatos também preveem que a legalização da maconha recreativa na Califórnia, aprovada em referendo pelos eleitores nos pleitos de 2016, vai estimular a economia local.

"Será uma nova indústria regulada que vai trazer muitos investimentos, baseados em impostos para o estado", declarou à Efe Rigoberto Valdez, vice-presidente da filial 770 do Sindicato de Trabalhadores da Indústria de Alimentos e do Comércio (UFCW).

A venda começará parcialmente nesta segunda-feira em uma dúzia de condados, entre os que não está o Condado de Los Angeles, o mais populoso do país e que começará a receber solicitações para licenças de distribuição e venda a partir de janeiro.

A autorização de funcionamento não só deve ser aprovada pelas autoridades estatais, mas também pelos municípios.

Os dispensários que já receberam sinal verde para começar a operar a partir de amanhã estão localizados principalmente no norte da Califórnia, muitos na área da Baía de San Francisco, bem como nos condados de Riverside e San Diego, no sul do estado.

No chamado Estado Dourado, onde a maconha com fins medicinais já é legal desde 1996, o imposto estatal à venda será de 15%, ao qual os municípios locais podem acrescentar os próprios.

Nos EUA, além da Califórnia, a venda de maconha para uso recreativo é legal nos estados do Alasca, Colorado, Nevada, Oregon e Washington. Em Maine também é legal possuir uma dose pessoal, embora ainda não se tenha autorizado a venda, o que se espera que se inicie em meados de 2018, enquanto que em Massachusetts será legal a partir de julho desse mesmo ano.

Talvez para aquietar os que se opõem à polémica medida, entre os quais se encontram vários políticos, ligas de pais de família e organizações religiosas, a implementação da medida na Califórnia chega acompanhada de uma série de regulamentos.

Os dispensários não poderão operar dentro de um raio de 180 metros de alguma escola, e em algumas jurisdições está proibida a venda a menos de 305 metros de parques públicos, creches e outras áreas assinaladas como "sensíveis".

Os cultivos em casas não contam com restrição de distância em relação a escolas ou parques, mas fica limitado a seis plantas, e a venda em dispensários só será feita a pessoas maiores de 21 anos e limitada a 28 gramas por cada compra.

Mesmo elaborada como uma estratégia para combater o narcotráfico e o mercado ilegal, que nos EUA chega a US$ 50 bilhões, segundo a ArcView, políticos locais como o vereador de Los Angeles, Gil Cedillo, se mantêm reticentes.

"Ainda tenho grandes dúvidas sobre a legalização da maconha, mas entendo que pode oferecer uma fonte adicional de recursos para a Califórnia e Los Angeles", declarou à Efe o ex-senador.

Seja como for, a Califórnia, que há décadas lidera os esforços nos EUA para legalizar a cannabis, já é parte desse experimento social que é a legalização da maconha. EFE

Acompanhe tudo sobre:CalifórniaEstados Unidos (EUA)Maconha

Mais de Economia

Governo sobe previsão de déficit de 2024 para R$ 28,8 bi, com gastos de INSS e BPC acima do previsto

Lula afirma ter interesse em conversar com China sobre projeto Novas Rotas da Seda

Lula diz que ainda vai decidir nome de sucessor de Campos Neto para o BC

Mais na Exame