Economia

Cai intenção de compra no Dia das Crianças, diz FGV

Segundo FGV, apenas 7,1% dos consumidores devem ampliar os gastos com presentes para os pequenos


	Brinquedos expostos em loja: segundo indicador, 15,9% devem reduzir os gastos
 (Spencer Platt/Getty Images)

Brinquedos expostos em loja: segundo indicador, 15,9% devem reduzir os gastos (Spencer Platt/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2014 às 18h40.

Rio - A intenção de compras das famílias brasileiras neste Dia das Crianças atingiu o menor patamar em oito anos. 

De acordo com um quesito especial apurado na Sondagem do Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV), apenas 7,1% dos consumidores devem ampliar os gastos com presentes para os pequenos (contra 9,4% no ano passado), enquanto 15,9% devem reduzir a lista (ante 11,0%).

O indicador que mede a intenção de compras caiu 7,3%, para 91,2 pontos em 2014, o menor patamar desde 2007, quando a pergunta passou a ser feita nas sondagens do mês de setembro.

"As famílias realmente estão com um nível muito baixo de intenção de compra", disse a economista Viviane Seda, responsável pelo levantamento.

Segundo ela, os brasileiros ficaram mais endividados nos últimos meses, além de se mostrarem mais preocupados com o mercado de trabalho e com a inflação.

Consumidores de todas as faixas de renda se mostraram mais cautelosos, mas o aperto mais intenso deve ocorrer entre as famílias mais humildes. Entre os domicílios com renda média mensal até R$ 2,1 mil, a queda na intenção de compra foi de 11,6%, para 84,7 pontos.

"As faixas de renda mais baixa têm menor poder aquisitivo e sofrem mais com a situação", explicou Viviane. "As famílias de renda mais alta, apesar de também terem incertezas, têm mais margem para decidir o consumo."

Também houve queda de 4,5% no preço médio do presente em relação ao ano passado. Novamente, o corte foi mais intenso nas famílias cuja renda mensal é menor.

"É um gasto supérfluo. Para poder consumir, elas procuram itens com preços mais baixos. Mas com certeza essa classe de renda deve consumir pouco este ano", disse a economista.

Para encaixar a data festiva no orçamento, as famílias também devem mudar a opção de presentes.

Os brinquedos em geral, que correspondiam à decisão de 65,7% dos consumidores no ano passado, passaram a figurar na lista de 50,5% - o menor nível desde pelo menos 2010.

"Esses itens não estão tendo uma inflação muito alta, mas existem brinquedos com preços muito altos, o que exige planejamento", comentou o economista André Braz, um dos responsáveis pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV.

Na contramão, os itens de vestuário ganharam preferência, passando de 15,5% em 2013 para 24,5% neste ano. Em 12 meses até setembro, as roupas infantis acumularam alta de 4,24%, de acordo com dados do IPC.

A taxa é menor do que a inflação média (6,97%) e do que a alta de preços de uma cesta de itens ligados ao Dia das Crianças, calculada em 8,48% pela instituição.

A taxa é mais elevada porque a lista inclui serviços como restaurantes (8,88%), sorvetes fora de casa (9,99%), show musical (18,50%) e teatro (17,49%).

Há algumas semanas, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou previsão de crescimento de 3,1% nas vendas relacionadas ao Dia das Crianças em 2014 em relação ao ano passado.

Se confirmado, será o pior desempenho na data desde 2004.

Acompanhe tudo sobre:ComércioConsumoDia das CriançasIndicadores econômicosVarejo

Mais de Economia

Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, inflação explode nos EUA, diz Campos Neto

Câmara aprova projeto do governo que busca baratear custo de crédito

BB Recebe R$ 2 Bi da Alemanha e Itália para Amazônia e reconstrução do RS

Arcabouço não estabiliza dívida e Brasil precisa ousar para melhorar fiscal, diz Ana Paula Vescovi