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Brexit já causa sofrimento a vítimas de recessão inesperada

Milhares de empresários, investidores e consumidores estão reformulando seus planos como resultado da surpreendente vitória da campanha pela saída da UE

Brexit: tudo isso confirma o que os economistas alertaram que poderia ser uma recessão repentina (Reuters/Toru Hanai)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2016 às 17h54.

Damian Kimmelman é exatamente o tipo de empreendedor que o governo do Reino Unido diz que precisa.

Sua startup em Londres tem 100 funcionários e espera contratar mais. Infelizmente para a economia britânica, o novo pessoal de Kimmelman não estará no Reino Unido: ele mudou de ideia depois que os eleitores votaram por sair da União Europeia na semana passada.

“Vamos espalhar nossa equipe, abrindo escritórios na Europa em vez de concentrar-nos no Reino Unido”, disse Kimmelman, cuja empresa, DueDil, fornece ferramentas de análise de dados a empresas privadas de pesquisa. “Esse é um resultado péssimo para a economia”.

Kimmelman é um dos milhares de empresários, investidores e consumidores que estão reformulando seus planos como resultado da surpreendente vitória da campanha pela saída da UE. As contratações estão sendo canceladas ou transferidas para o exterior, os investimentos estão sendo finalizados, e as expansões, engavetadas.

Tudo isso confirma o que os economistas alertaram que poderia ser uma recessão repentina -- especialmente se os políticos não agirem rápido para traçar um plano convincente para retirar o Reino Unido da UE sem provocar um grande distúrbio. Quase três quartos dos economistas consultados em uma pesquisa da Bloomberg nesta semana disseram que acham que o pais caminha para sua primeira recessão desde 2009.

A votação “desencadeou uma onda de incerteza política e econômica que provavelmente levará o Reino Unido à recessão”, disse Samuel Tombs, economista-chefe para o Reino Unido da Pantheon Macroeconomics, em uma nota para clientes no dia 24 de junho. “A maioria das empresas vai adiar despesas de capital, o crédito se tornará mais caro e mais difícil de obter, e a confiança do consumidor vai despencar”.

Os exemplos iniciais indicam um sofrimento econômico imediato. Na segunda-feira, o grupo imobiliário Foxtons viu suas ações caírem até 20 por cento depois de ter alertado que o Brexit prejudicaria o mercado residencial de Londres. Um dia depois, a Revolution Bars Group, uma operadora de casas noturnas em todo o Reino Unido, disse que descartou uma aquisição planejada “à luz da incerteza no mercado depois do resultado”.

A magnitude da preocupação reflete o fato de que sair da UE põe em dúvida algumas das bases da economia do Reino Unido, que fez parte do que agora é um bloco de 28 membros durante mais de 40 anos.

A libra, que já foi a reserva cambial do mundo, chegou a cair para o patamar mais baixo em 31 anos frente ao dólar por causa do temor de que o capital possa fugir do país. Pode demorar anos para que fique claro se o Reino Unido continuará podendo realizar comércio sem tarifas com a UE, o maior mercado comum do mundo e destino de quase metade das exportações britânicas.

E não há clareza sobre como os milhões de cidadãos europeus que já moram no Reino Unido poderão permanecer, nem sobre as condições em que se permitirá as futuras entradas. Essas questões desencadeiam negociações complexas com a UE, que serão empreendidas pelo futuro primeiro-ministro, ainda não definido, depois que David Cameron abandonar o cargo no quarto trimestre.

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Damian Kimmelman é exatamente o tipo de empreendedor que o governo do Reino Unido diz que precisa.

Sua startup em Londres tem 100 funcionários e espera contratar mais. Infelizmente para a economia britânica, o novo pessoal de Kimmelman não estará no Reino Unido: ele mudou de ideia depois que os eleitores votaram por sair da União Europeia na semana passada.

“Vamos espalhar nossa equipe, abrindo escritórios na Europa em vez de concentrar-nos no Reino Unido”, disse Kimmelman, cuja empresa, DueDil, fornece ferramentas de análise de dados a empresas privadas de pesquisa. “Esse é um resultado péssimo para a economia”.

Kimmelman é um dos milhares de empresários, investidores e consumidores que estão reformulando seus planos como resultado da surpreendente vitória da campanha pela saída da UE. As contratações estão sendo canceladas ou transferidas para o exterior, os investimentos estão sendo finalizados, e as expansões, engavetadas.

Tudo isso confirma o que os economistas alertaram que poderia ser uma recessão repentina -- especialmente se os políticos não agirem rápido para traçar um plano convincente para retirar o Reino Unido da UE sem provocar um grande distúrbio. Quase três quartos dos economistas consultados em uma pesquisa da Bloomberg nesta semana disseram que acham que o pais caminha para sua primeira recessão desde 2009.

A votação “desencadeou uma onda de incerteza política e econômica que provavelmente levará o Reino Unido à recessão”, disse Samuel Tombs, economista-chefe para o Reino Unido da Pantheon Macroeconomics, em uma nota para clientes no dia 24 de junho. “A maioria das empresas vai adiar despesas de capital, o crédito se tornará mais caro e mais difícil de obter, e a confiança do consumidor vai despencar”.

Os exemplos iniciais indicam um sofrimento econômico imediato. Na segunda-feira, o grupo imobiliário Foxtons viu suas ações caírem até 20 por cento depois de ter alertado que o Brexit prejudicaria o mercado residencial de Londres. Um dia depois, a Revolution Bars Group, uma operadora de casas noturnas em todo o Reino Unido, disse que descartou uma aquisição planejada “à luz da incerteza no mercado depois do resultado”.

A magnitude da preocupação reflete o fato de que sair da UE põe em dúvida algumas das bases da economia do Reino Unido, que fez parte do que agora é um bloco de 28 membros durante mais de 40 anos.

A libra, que já foi a reserva cambial do mundo, chegou a cair para o patamar mais baixo em 31 anos frente ao dólar por causa do temor de que o capital possa fugir do país. Pode demorar anos para que fique claro se o Reino Unido continuará podendo realizar comércio sem tarifas com a UE, o maior mercado comum do mundo e destino de quase metade das exportações britânicas.

E não há clareza sobre como os milhões de cidadãos europeus que já moram no Reino Unido poderão permanecer, nem sobre as condições em que se permitirá as futuras entradas. Essas questões desencadeiam negociações complexas com a UE, que serão empreendidas pelo futuro primeiro-ministro, ainda não definido, depois que David Cameron abandonar o cargo no quarto trimestre.

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