Economia

Brasileiro quer reformar Previdência – mas só a dos outros

66% são a favor de idade mínima para aposentadoria, mas 76% não concordam que isso signifique que elas se aposentem mais tarde, segundo pesquisa divulgada hoje

Idoso (Thinkstock)

Idoso (Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 23 de agosto de 2016 às 15h12.

São Paulo – Uma nova pesquisa mostra que o brasileiro ainda desconhece o tema da Previdência e tem opiniões muitas vezes contraditórias sobre possíveis reformas.

66% são a favor de uma idade mínima para aposentadoria em face ao envelhecimento da população, mas 76% não concordam que isso signifique que elas se aposentem mais tarde. Só 30% concordam que quem quiser se aposentar mais cedo receba benefícios menores.

Os números são de uma pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida com o Ipsos divulgada hoje no VIII Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada em São Paulo.

Foram ouvidas 1.500 pessoas com mais de 23 anos, de todas as classes sociais e em todas as regiões, entre 21 de julho e 4 de agosto.

O tema ainda não está na mente da maioria: 44% não sabem das propostas de reforma em discussão pelo governo do presidente interino Michel Temer.

De acordo com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, os itens prioritários são definição de idade mínima, diferença entre os sexos e diferença entre as profissões.

No momento, o desconhecimento gera pessimismo. Entre as pessoas que ouviram falar sobre mudanças, 50% preveem pouca ou muita diminuição de direitos, número que sobe para 64% entre aqueles que não estão informados.

O brasileiro acha que homens se aposentam em média aos 64 anos mas deveriam poder se aposentar aos 58. No caso das mulheres, a idade percebida é de 58 e a idade desejada é de 53 anos.

Na verdade, a média real é bem mais baixa: 54 anos. A falta de informações sobre o tema e sobre as possibilidades de reforma são apontadas como obstáculos para sua aprovação legislativa.

O governo fala em estabelecer uma idade mínima de 65 anos para homens e um pouco menos para mulheres. A expectativa de vida do brasileiro é hoje de 75 anos e a Previdência é a maior rubrica de gastos do governo depois do pagamento com juros.

Um dos mistérios da reforma é sobre as regras de transição, e a divisão é grande quando os brasileiros são perguntados sobre como deve ser repartido o impacto entre aqueles que não entraram no mercado de trabalho e os que já estão próximos de se aposentarem. 

Mas de forma geral, a maior parte rejeita regras especiais para servidores públicos, pescadores, indígenas, professores e agricultores familiares.

Uma idade mínima igual para homens e mulheres é apoiada por 64%. As mulheres hoje vivem mais do que os homens, mas muitos destacam que elas costumam estar sujeitas a jornadas maiores por carregarem um fardo maior dos trabalhos domésticos

Uma das maiores divisões percebidas pela pesquisa é em relação à proposta de reajustar as aposentadorias apenas pela inflação e não mais com base no salário mínimo: 49% são a favor e 42% contra.

O aumento de impostos como alternativa às reformas é rejeitado por 68% dos brasileiros. A maior parte dos números é similar a uma pesquisa Datafolha divulgada recentemente.

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