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Brasileiro corta básico para manter supérfluo, diz estudo

Brasileiro se apegou a hábitos que adquiriu na última década e prefere trocar de marca a abrir mão de pequenos luxos, diz estudo da dunnhumby

Consumidor compara produtos no supermercado (Noel Hendrickson/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de julho de 2015 às 18h35.

São Paulo - Em tempos de crise , o consumidor corta pequenos luxos para poder manter a compra de produtos básicos. Certo?

Errado, de acordo com um estudo recente da dunnhumby, empresa inglesa especializada em ciência do consumidor, que analisou hábitos de 22 milhões de consumidores por 3 meses.

Assim como os europeus depois de 2008, os brasileiros estão exercendo atualmente o que a empresa chama de "new value" - uma nova equação de valor para decidir onde gastar ou poupar.

“Trata-se de um novo consumidor, que não quer abrir mão de seus ganhos de padrão de vida, conquistados durante a última década e que, para isso, economiza em produtos mais básicos para manter os seus pequenos luxos e indulgências”, diz Adriano Araújo, diretor-geral da dunnhumby no Brasil.

Isso significa que ele prefere escolher embalagens menores ou uma marca de menor preço e qualidade em alguns itens para não precisar abrir mão da compra de alguns supérfluos.

É o cliente "econômico extravagante", uma adaptação da expressão em inglês "save and splurge". O comportamento acontece em todas as classes sociais - ainda que em graus e com trocas diferentes.

Os consumidores das classes A e B cortam massas secas, laticínios e itens de mercearia em geral para continuarem adquirindo cereais saudáveis, doces, sobremesas e bebidas não alcoólicas.

Nas classes C e D, a economia em categorias como limpeza, higiene oral e farináceos é compensada na manutenção dos gastos em refrigerantes, frios e sobremesas.

Cenário

Um levantamento recente do app GuiaBolso mostrou que 48% dos brasileiros gastam mais do que recebem ( veja por estado ).

A Serasa Experian divulgou hoje que a inadimplência subiu 16,4% no semestre e o indicador de confiança do consumidor atingiu em junho uma mínima recorde.

Com previsão de recessão de 1,7% e inflação de 9,15% este ano, a economia brasileira está experimentando queda forte dos salários e aumento do desemprego.

Um dos efeitos disso é a mudança de hábitos: os brasileiros se mostram mais conscientes na hora de consumir e 78% declaram pechinchar mais atualmente, um avanço significativo em relação a anos anteriores.

São Paulo - A inflação de junho foi divulgada hoje pelo IBGE e veio cheia de más notícias. A taxa do primeiro semestre, a maior desde 2003, já ultrapassou de longe o centro da meta (e quase chegou no teto) para todo o ano. No acumulado de 12 meses, ficamos próximos de 9%. Apesar da piora neste ano, o mercado espera que 2016 terá o maior processo de queda do índice em 20 anos. A cesta de produtos do IBGE é composta de forma a reproduzir os hábitos de compra do brasileiro. Alimentação e Bebidas é responsável por cerca de um terço do índice, e itens como gasolina e aluguel tem grande importância.   Isso significa que alta e impacto no índice final não são equivalentes. A energia e os jogos de azar tiveram altas similares em 2015, mas o impacto da primeira no IPCA foi mais de 6 vezes maior. Veja a seguir quais foram os 10 itens que mais subiram em 2015 e qual foi o impactos no IPCA deste ano e do acumulado de 12 meses. Quando necessário, os números foram arredondados:
  • 2. Energia elétrica

    2 /12(Stock.xchng)

  • Veja também

    Alta no ano42%
    Impacto no ano1,24 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses58%
    Impacto nos últimos 12 meses1.58 p.p.
  • 3. Gasolina

    3 /12(AFP)

  • Alta no ano9%
    Impacto no ano0,35 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses11%
    Impacto nos últimos 12 meses0,44 p.p.
  • 4. Ônibus urbano

    4 /12(Rafael Neddermeyer/ Fotos Publicas)

    Alta no ano12%
    Impacto no ano0,31 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses13%
    Impacto nos últimos 12 meses0,33 p.p.
  • 5. Refeição fora de casa

    5 /12(REUTERS/Marko Djurica)

    Alta no ano5%
    Impacto no ano0,25 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses9%
    Impacto nos últimos 12 meses0,49 p.p.
  • 6. Cursos regulares

    6 /12(Thinkstock/TongRo Images)

    Alta no ano8%
    Impacto no ano0,24 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses8%
    Impacto nos últimos 12 meses0,26 p.p.
  • 7. Produtos farmacêuticos

    7 /12(Marcos Santos/USP Imagens)

    Alta no ano6%
    Impacto no ano0,20 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses6%
    Impacto nos últimos 12 meses0,23 p.p.
  • 8. Aluguel residencial

    8 /12(Divulgação/VivaReal)

    Alta no ano4%
    Impacto no ano0,19 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses8%
    Impacto nos últimos 12 meses0,36 p.p.
  • 9. Trabalho doméstico

    9 /12(serezniy/Thinkstock)

    Alta no ano4%
    Impacto no ano0,18 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses9%
    Impacto nos últimos 12 meses0,37 p.p.
  • 10. Jogos de azar

    10 /12(Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

    Alta no ano47%
    Impacto no ano0,18 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses47%
    Impacto nos últimos 12 meses0,18 p.p.
  • 11. Cebola

    11 /12(Marcos Santos/USP Imagens)

    Alta no ano148%
    Impacto no ano0,18 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses142%
    Impacto nos últimos 12 meses0,18 p.p.
  • 12 /12(Getty Images)

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