Economia

Brasil e Turquia podem deixar de intermediar negociações com Irã

Para o chanceler, as relações entre o Brasil e os Estados Unidos não serão prejudicadas pelas divergências no Conselho de Segurança da ONU

Ministro reconheceu que o Brasil e a Turquia podem não dar continuidade às tentativas de negociações (.)

Ministro reconheceu que o Brasil e a Turquia podem não dar continuidade às tentativas de negociações (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reconheceu hoje (9) que o Brasil e a Turquia podem não dar continuidade às tentativas de negociações em busca de um acordo para o fim do impasse envolvendo o Irã e a comunidade internacional. O chanceler disse que a indefinição se deve à dependência das reações do governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aplicou sanções contra seu país. Segundo Amorim, sob sanções, a possibilidade de o Irã negociar se tornam mais difíceis.

"Não sei se o Brasil e a Turquia vão continuar a trabalhar para buscar um acordo", disse Amorim, em entrevista coletiva concedida no Palácio Itamaraty. "Sob sanções, a possibilidade de o Irã vir a negociar é muito menor. É o fim de uma etapa, de um processo", concluiu. "Foi uma decisão irrazoável [a definição pelas sanções ao Irã por parte do Conselho de Segurança]."

Para o chanceler, as relações entre o Brasil e os Estados Unidos não serão prejudicadas pelas divergências no Conselho de Segurança da ONU. "Espero que a nossa relação continue se aprofundando, como já houve tantas outras discordâncias", afirmou Amorim, sem demonstrar preocupação com o acirramento das tensões.

Segundo o ministro, as divergências são naturais entre os grandes países. "Não conheço um país grande que não tenha tido discordâncias em relação aos Estados Unidos. Por exemplo: França e Rússia tiveram [divergências]. Temos de nos acostumar que somos um país grande."

Amorim afirmou que, para se firmar uma parceria estratégica, é necessário que todos estejam em um mesmo nível e não em posições de comando e obediência. "Eu quero uma parceria estratégica com os Estados Unidos. Se houver uma posição de subserviência, não será uma parceria estratégica, mas o alinhamento automático", declarou.

Dos 15 países que integram o Conselho de Segurança da ONU, 12 votaram hoje a favor das sanções. Somente o Brasil e a Turquia foram contra, enquanto o Líbano se absteve. Em maio, os dois países contrários à decisão intermediaram acordo para que o Irã enviasse urânio leventemente enriquecido a 3,5% para a Turquia, recebendo de volta o produto enriquecido a 20%. Para grande parte da comunidade internacional, o programa nuclear iraniano é uma ameaça pois esconderia a produção de armas atômicas.

As resoluções aprovadas hoje definem várias limitações para o Irã que afetarão os setores do comércio, militar, de empresas marítimas e de operações bancárias. Entre as medidas, haverá uma fiscalização mais intensa aos carregamentos de exportação destinados ao Irã, a suspensão da venda de armas pesadas para o país e uma rigorosa inspeção nos navios de origem iraniana.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaÁsiaDados de BrasilIrã - PaísONUOriente Médio

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor