Economia

Brasil pode superar EUA em exportação de soja em poucos anos

As exportações brasileiras de soja podem superar as norte-americanas em poucos anos e assumir a liderança do mercado mundial. O mesmo deve acontecer com a produção total, já que o Brasil conta ainda com grandes extensões de terra agricultável, baixo custo de produção e crescente desenvolvimento tecnológico. A avaliação foi feita durante a Conferência Mundial […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h42.

As exportações brasileiras de soja podem superar as norte-americanas em poucos anos e assumir a liderança do mercado mundial. O mesmo deve acontecer com a produção total, já que o Brasil conta ainda com grandes extensões de terra agricultável, baixo custo de produção e crescente desenvolvimento tecnológico. A avaliação foi feita durante a Conferência Mundial sobre Agropecuária da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que acontece até hoje (25/5) em São Paulo. Esta é a primeira vez que o evento ocorre no Hemisfério Sul.

"O Brasil aumenta cada vez mais sua influência no mercado agrícola e o mesmo está acontecendo com a soja", afirmou o representante da Organização Mundial das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Merritt Cluff. Segundo Cluff, os baixos custos de produção e a disponibilidade de áreas para cultivo favorecem as projeções de que o Brasil superará os norte-americanos primeiro em exportação e, num segundo momento, em produção de soja.

Em 2002, último levantamento consolidado da FAO, os norte-americanos produziram 74,824 milhões de toneladas de soja, dos quais, 27,433 milhões foram exportados. O Brasil colheu 42,026 milhões e embarcou para o exterior 15,970 milhões. No ano passado, norte-americanos e brasileiros produziram, respectivamente, 65,795 milhões e 51,547 milhões de toneladas de soja, mas os brasileiros exportaram 36 milhões de toneladas. Não há dados disponíveis sobre as exportações dos EUA no período.

"Se não fosse a seca que atingiu parte da safra, teríamos alcançado 60 milhões de toneladas na safra 2003/2004 e já superaríamos os EUA em exportação", afirmou o diretor do Departamento de Economia Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Edílson Guimarães.

Mercados

No ano passado, as vendas de soja ao exterior renderam 8,1 bilhões de dólare para o Brasil. Os países baixos foram os principais compradores, com 19,5% de participação, à frente da China, com 19%. Centro das atenções, a China observou uma estagnação em sua produção de soja nos últimos dois anos: 16,9 milhões de toneladas em 2002 e 16,5 milhões em 2003. Cluff não acredita que uma eventual desaceleração da economia chinesa, como cogitam alguns economistas e autoridades locais, comprometa a expectativa de que o Brasil torne-se líder mundial do mercado de soja nos próximos anos.

"A produção de soja é concentrada em três países", afirmou. "Se a China desaquecer a economia, não haverá um grande impacto no longo prazo", disse. Ele afirmou que ainda é difícil saber se os chineses se tornarão o maior importador mundial de soja. "Os chineses tendem a se tornar líderes em muitos segmentos de importação", disse.

Considerando-se Países Baixos, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Itália e Portugal, a Europa ainda é a principal compradora da soja brasileira, absorvendo 47,7% das exportações no ano passado. Recentemente, os europeus revogaram a proibição de consumo de milho transgênico. Na semana passada, a FAO divulgou relatório em que afirmava não haver evidências de que o consumo de alimentos geneticamente modificados cause danos à saúde. Sabendo que a Região Sul do Brasil possui uma plantação de soja transgênica, Cluff alerta para se evitar paralelos com o caso do milho e se identifique possíveis nichos de mercado.

"Ainda é cedo para se dizer se a Europa irá permitir o consumo de outros alimentos transgênicos", disse. "Mas é certo que o caso do milho indica uma flexibilização das regras", afirmou. Para Guimarães, do Ministério da Agricultura, a questão ainda está em debate no Brasil. Segundo ele, os agricultores gaúchos receberam uma autorização especial para plantar soja transgênica nesta safra, mas ainda não há garantias de que isso seja permitido no próximo plantio.

Inédito

Esta é a primeira vez que um país do Hemisfério Sul sedia a conferência anual da OCDE. Segundo o diretor de Alimentação, Agricultura e Pesca da organização, Loek Boonekamp, a escolha do Brasil para o evento deve-se ao crescente peso do país no mercado agrícola mundial.

No encontro, são debatidos trabalhos técnicos e acadêmicos sobre o setor. Cerca de 20 países enviaram representantes, que também estão analisando cenários de médio e longo prazos para as principais culturas do planeta.

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