Economia

Brasil pode afetar negócios entre Mercosul e UE, diz Uruguai

O chanceler do Uruguai disse que "a situação política do Brasil pode ter algum efeito de mudança" na negociação entre Mercosul e União Europeia


	Bandeiras do Mercosul: presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo por 180 dias
 (Norberto Duarte/AFP)

Bandeiras do Mercosul: presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo por 180 dias (Norberto Duarte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2016 às 18h03.

Montevidéu - O chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, disse nesta quinta-feira em Montevidéu que "a situação política do Brasil pode ter algum efeito de mudança" na negociação entre Mercosul e União Europeia (UE) para um acordo de livre-comércio, na qual ambos os blocos trocaram ofertas na quarta-feira.

A presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo por 180 dias nesta quinta-feira, após o Senado votar a favor da aprovação do processo de impeachment contra a petista, que pode ter como resultado a destituição definitiva da governante.

"Acho que pode ter incidência pelo fato de o Brasil ser o maior país do Mercosul, mas a estrutura da oferta não muda e, pelo contrário, acredito que todos os países tentarão melhorá-la e conseguir benefícios para poder defender nossos interesses regionais", afirmou Nin Novoa à imprensa.

No entanto, o chanceler comentou que falar sobre a incidência da situação do Brasil é igual a perguntar se a instabilidade política na Espanha, "porque não podem formar governo", afeta as negociações".

Nin Novoa desmentiu hoje em entrevista à emissora local "Radio Carve" as versões da imprensa que afirmavam que a carne ficou excluída das ofertas entre UE e Mercosul.

"A carne e o etanol estão (nas listas de ofertas negociadas), o que se diz é que vai ser determinado o volume das cotas como parte das negociações", declarou o ministro.

"Dizer que os produtos agrícolas estão fora não é verdade, dizer que a carne está fora não é verdade, dizer que o etanol está fora não é verdade. O que é verdade é que estão sem cotas determinadas, o que faz parte da negociação que será feita", continuou o chanceler.

A polêmica, segundo Nin Novoa, surgiu por causa das declarações de um comissário agrícola do bloco europeu, que disse ter havido um grande triunfo porque a carne tinha sido retirada das negociações.

"A carne está dentro da negociação e é preciso negociar as cotas porque com a Europa se negocia com cotas", justificou o chanceler.

As negociações para um acordo de associação - que inclui um tratado de livre-comércio - entre a UE e quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - Venezuela está à margem -) começaram em 1999, mas foram suspensas em 2004 após uma infrutífera primeira troca de ofertas de acesso a mercados.

As negociações foram retomadas em 2010 durante uma Cúpula Eurolatinoamericana em Madri com o objetivo de voltar a trocar ofertas em alguns meses, o que foi adiado várias vezes devido a diferenças internas ou falta de ambição nos objetivos do acordo.

Delegados de ambos os blocos se sentaram em torno de uma mesma mesa na quarta-feira para trocar as ofertas. Nin Novoa comentou que as expectativas não foram alcançadas, mas que isso era algo já sabido de antemão porque a UE não superou os parâmetros de sua oferta de 2004 e a do Mercosul também não é "extraordinariamente boa".

Em abril, 13 países europeus, entre eles França, Áustria e Grécia, pediram a exclusão de produtos agrícolas "sensíveis", como lácteos e carnes, das trocas de ofertas com o Mercosul, ao opinar que sua inclusão teria efeitos negativos.

O chanceler uruguaio informou que no final de junho haverá uma reunião entre os dois blocos em Montevidéu para prosseguir com essa negociação, mas que antes o tema será tratado em nível regional com os presidentes e chanceleres do Mercosul.

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