Homem nada em piscina no topo de hotel na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (Mario Tama/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 21 de outubro de 2019 às 11h25.
Última atualização em 21 de outubro de 2019 às 14h27.
São Paulo - O Brasil ganhou 42 mil novos milionários em um ano, de acordo com a nova edição do Relatório de Riqueza Global divulgada nesta segunda-feira (21) pelo banco Credit Suisse.
O número de milionários no país saltou de 217 mil adultos em 2018 para 259 mil em 2019. Foi uma das maiores altas do mundo, perdendo apenas para Holanda, Alemanha, China, Japão e Estados Unidos. A previsão é que o número de milionários no Brasil deve crescer 23% até 2024, chegando ao total de 319 mil adultos.
São considerados milionários aqueles com mais de US$ 1 milhão em ativos financeiros e reais, incluindo moradia, abatendo o valor de dívidas.
O relatório destaca que grande parte da variação ano a ano se refere a mudanças nos preços desses ativos e variação nas taxas de câmbio. Desde 2010, por exemplo, a riqueza média no Brasil caiu 3% em dólares, mas subiu 33% em reais.
O que mais contribuiu para a criação de novos milionários neste ano foi uma alta de 35% nos preços das ações, enquanto a riqueza de forma geral está em uma "montanha-russa" desde a crise de 2008 em grande parte pela flutuação do câmbio.
O Brasil também foi um dos países do mundo onde mais cresceu o grupo de milionários “ultra-high”, aqueles com riqueza acima de US$ 50 milhões. Foram 860 novos membros do grupo no ano, perdendo apenas para os Estados Unidos, onde 4,2 mil pessoas superaram esse patrimônio.
A tendência vai na contramão mundial. A parcela de riqueza mundial concentrada no 1% no topo da pirâmide subiu entre 2007 e 2016 em todos os países selecionados, com exceção da Índia, mas depois disso começou a cair em todos os países - com exceção do Brasil.
A estimativa do banco é que o 1% mais rico da população brasileira detém 49% de toda a riqueza familiar do país. Enquanto isso, 70% dos brasileiros tem riqueza inferior a US$ 10.000, proporção acima da observada no resto do mundo (58%).
O relatório destaca que a alta desigualdade de riqueza no país, referente a patrimônio, reflete em parte a alta desigualdade de renda, referente aos rendimentos.
Os últimos números do IBGE com base na PNAD mostram que a concentração da renda no país não era tão alta desde o início da série histórica em 2012. Em agosto, a Fundação Getúlio Vargas divulgou um estudo apontando alta da desigualdade há 17 trimestre seguidos.
O fenômeno teria relação com a crise no mercado de trabalho, que afetou especialmente o extrato de trabalhadores com menor qualificação e menor remuneração.
Quando começou a melhora na geração de vagas, os desempregados que conseguiram retornar ao mercado de trabalho passaram a ganhar menos em funções semelhantes ou a atuar em postos informais, que também remuneram menos.