Economia

Brasil faz superávit primário recorde para junho, diz BC

Recorde de superávit somado ao crescimento do Produto Interno Bruto, contribuíram para um pequeno recuo da relação dívida líquida/PIB

Para julho, o Banco Central previu um novo recuo da dívida líquida, a 39,5% do PIB (Valter Campanato/ABr)

Para julho, o Banco Central previu um novo recuo da dívida líquida, a 39,5% do PIB (Valter Campanato/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2011 às 14h12.

Brasília - A economia feita pelo setor público para o pagamento de juros aumentou de forma expressiva em junho, beneficiada por uma elevação da arrecadação de impostos, mostraram números do Banco Central divulgados nesta sexta-feira.

O superávit primário recorde para o mês, aliado ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), contribuíram para um pequeno recuo da relação dívida líquida/PIB, apesar de a apropriação de juros ter sido a mais elevada da série, iniciada em 2001.

"O semestre ficou caracterizado por um retorno à trajetória de normalidade em termos de cumprimento da meta. É uma trajetória que se assemelha mais aos anos anteriores à crise (de 2008)", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, acrescentando que o crescimento e a formalização da economia têm gerado elevação das receitas.

O superávit primário de junho foi de 13,4 bilhões de reais, levando o saldo acumulado no ano a 78,2 bilhões de reais. No acumulado em 12 meses, o primário acumulado foi de 137,8 bilhões de reais, ou 3,54 por cento do PIB -o mais elevado desde novembro de 2008, quando ficou em 3,77 por cento.

O saldo em 12 meses está acima da meta para o ano, de 117,9 bilhões de reais, mas os dados sofrerão um abalo em setembro, quando saírem da conta os 30 bilhões de reais que ingressaram nos cofres públicos com a operação de capitalização da Petrobras.

O Tesouro Nacional e o próprio BC, contudo, mostram-se confiantes no cumprimento da meta e afirmam que os dados estão em linha com o alvo.

Em junho, dados da Receita Federal mostraram que as receitas do governo foram infladas por um recolhimento extraordinário de 6,7 bilhões de reais em impostos em atraso pagos por grandes empresas que aderiram à programa de refinanciamento.

"Para o segundo semestre, devemos observar superávits primários menores, devido à execução plena do orçamento e ausência de receitas extraordinárias", informou a consultoria Rosenberg Associados por meio de nota.

Juros e dívida

A economia feita no mês passado foi inferior aos juros apropriados e o país registrou um déficit nominal de 5,6 bilhões de reais, o menor para o mês desde 2007, que havia sido de 2,6 bilhões de reais.


Os resultados primários do governo têm compensado parcialmente o crescimento dos gastos com juros, que têm refletido o aumento da inflação e principalmente da Selic, que corrige a maior parte da dívida pública líquida.

Os juros apropriados em junho somaram 19 bilhões de reais, o mais elevado para o mês. No acumulado do ano, somaram 119,7 bilhões de reais, contra 92,2 bilhões de reais no mesmo período de 2010.

A dívida líquida recuou a 39,7 por cento em junho, contra 39,8 por cento em maio.

A dívida bruta, por outro lado, seguiu em alta, inflada por novo empréstimo concedido ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pelo Tesouro Nacional, e passou para 56 por cento do PIB, contra 55,8 por cento em maio.

O governo fez uma emissão direta de 30 bilhões de reais no mês passado para a concessão de crédito ao BNDES. Foi a primeira parcela repassada ao banco no ano, de um total de 55 bilhões de reais autorizados. Por se tratar de um empréstimo, o repasse não impacta a dívida líquida.

Para julho, o BC previu um novo recuo da dívida líquida, a 39,5 por cento do PIB.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralDívida públicaIndicadores econômicosMercado financeiroPIB

Mais de Economia

Corte anunciado por Haddad é suficiente para cumprir meta fiscal? Economistas avaliam

Qual é a diferença entre bloqueio e contingenciamento de recursos do Orçamento? Entenda

Haddad anuncia corte de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para cumprir arcabouço e meta fiscal

Mais na Exame