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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Punta del Leste - Brasil e Estados Unidos estão na iminência de um acordo sobre as compensações que os americanos vão conceder ao País por não terem retirado os subsídios ao algodão. Os últimos detalhes estavam sendo discutidos ontem, mas as perspectivas eram "muito boas", conforme negociadores envolvidos nas conversas. O memorando de entendimento pode ser assinado hoje em Punta del Leste, no Uruguai. Os dois países vão aproveitar um encontro do Grupo de Cairns, que reúne os exportadores agrícolas. Estão presentes na capital uruguaia o embaixador do Brasil em Genebra, Roberto Azevedo, e o subsecretário de Agricultura dos EUA, James Miller.
Se não houver nenhum imprevisto de última hora, na quinta-feira o governo brasileiro suspenderá por mais 60 dias a imposição de sobretaxas contra 102 produtos americanos. A retaliação foi autorizada pela Organização Mundial de Comércio (OMC). A entidade condenou os subsídios americanos aos algodão após uma queixa do Brasil. Os técnicos estavam resolvendo ontem as últimas pendências sobre o fundo de R$ 147 milhões por ano que os EUA vão oferecer aos produtores brasileiros de algodão enquanto não retiram os subsídios. As discussões giraram em torno da utilização do dinheiro do fundo.
Os americanos exigiram que os recursos não sejam usados para pesquisa - uma condição que os brasileiros tiveram que aceitar. Os recursos virão da Corporação de Crédito para Commodities, uma organização do governo que não permite a aplicação de seus recursos em pesquisa. Os EUA também tinham dúvidas sobre aplicar os recursos em marketing institucional do algodão brasileiro, mas cederam. Outra restrição diz respeito aos países que o Brasil poderá firmar acordos de cooperação para usar os recursos. Devem ficar de fora nações não democráticas como Cuba ou China.
O principal debate que persiste sobre o fundo é uma questão de política interna. O governo brasileiro quer fazer parte do conselho do instituto que será criado para administrar os recursos, mas está impedido por lei se o instituto for privado. Os produtores do algodão rejeitam que o instituto seja público, porque temem que a burocracia impeça o repasse dos recursos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.