Brasil é penúltimo em ranking de competitividade com 18 países
O país está na mesma posição desde 2012, quando o ranking da CNI começou a ser divulgado, e só fica à frente da Argentina, que ainda pode nos superar
João Pedro Caleiro
Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 12h07.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2018 às 14h56.
São Paulo — O Brasil está em penúltimo lugar em um ranking de competitividade da Confederação Nacional da Indústria ( CNI ) com 18 países divulgado nesta quinta-feira (15).
O país está na mesma posição desde 2012, quando o ranking começou a ser divulgado, e só fica à frente da Argentina, mas já corre o risco de ser superado pela vizinha.
Isso porque a Argentina teve avanços recentes e passou à nossa frente em 2017 em dois fatores: ambiente macroeconômico e ambiente de negócios, onde somos último lugar.
No fator Ambiente Macroeconômico, taxa de inflação, dívida bruta, carga de juros elevadas e baixa taxa de investimento contribuem para a falta de competitividade brasileira.
No fator Ambiente de negócios, o Brasil tem a colocação mais baixa em variáveis como Pagamentos irregulares e subornos, Transparência das decisões políticas, Facilidade em abrir uma empresa e Regras trabalhistas de contratação e demissão.
Além disso, a Argentina também supera o Brasil em outros três quesitos: disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística e educação.
"A Argentina vem melhorando seu ambiente de negócios e reduzindo o desequilíbrio das contas públicas", afirma o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, em nota para a imprensa.
O Brasil é último lugar também no pilar de Disponibilidade e Custo de Capital devido a fatores como a mais alta taxa de juros real de curto prazo e o maior spread de juros entre todos os países analisados.
Também temos a maior despesa sobre juros incidentes sobre a dívida do governo e perdemos três posições no quesito Desempenho do Sistema Financeiro por causa da piora na classificação de crédito.
O Brasil só não caiu para a última posição do ranking geral porque nos fatores em que estamos na frente, nosso desempenho é muito superior.
O Brasil teve em 2017 uma melhora importante, por exemplo, no quesito Disponibilidade e custo de mão de obra, com avanço da 11ª para a 4ª posição, de longe a nossa melhor colocação entre os fatores.
Isso pode ser explicado pela maior produtividade do trabalho na indústria brasileira, o alto custo da mão de obra nos países desenvolvidos e a recuperação da nossa taxa de crescimento da força de trabalho.
O Brasil também está na frente da Argentina em competição e escala do mercado doméstico (12º lugar contra 18º), peso dos tributos (15º lugar contra 18º) e tecnologia e inovação (13º contra 15º).
Metodologia
Os países analisados pelo ranking foram, na ordem de classificação: Canadá, Coreia do Sul, Austrália, China, Espanha, Chile, Polônia, Tailândia, Turquia, Rússia, Indonésia, África do Sul, Índia, México, Colômbia, Peru, Brasil e Argentina.
Os fatores analisados foram disponibilidade e custo de mão de obra, disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística, peso dos tributos, ambiente macroeconômico, competição e escala do mercado doméstico, ambiente de negócios, educação e tecnologia e inovação.
Estes fatores foram desdobrados em 20 subfatores, aos quais foram associadas 56 variáveis.
Vale lembrar que para medidas de competitividade não basta melhorar; para subir no ranking, é necessário melhorar mais do que seus seus competidores.
Um exemplo: o Brasil melhorou suas notas em todos os modais de transporte em relação ao ranking de 2016, mas como os outros países evoluíram mais, o único avanço relativo foi em Qualidade das rodovias (da 16ª para a 15ª posição).