Economia

Brasil deve se “desvencilhar um pouco” da Argentina, diz CNI

“Ou nós vamos com a Argentina ou nós vamos sem a Argentina, mas nós não vamos deixar de fazer”, disse o presidente da CNI, Robson Andrade


	As presidentes do Brasil e da Argentina, Dilma Rousseff e Cristina Kirchner: "O Brasil tem que discutir com a Argentina: ou ela vai junto ou nós vamos sozinhos", diz Robson Andrade.
 (REUTERS/Enrique Marcarian)

As presidentes do Brasil e da Argentina, Dilma Rousseff e Cristina Kirchner: "O Brasil tem que discutir com a Argentina: ou ela vai junto ou nós vamos sozinhos", diz Robson Andrade. (REUTERS/Enrique Marcarian)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2013 às 13h14.

Leipzig (Alemanha) – O Brasil deveria mudar a estratégia de comércio exterior para firmar acordos bilaterais que estão travados por causa das cláusulas do Mercosul que obrigam à negociação com a participação conjunta dos países do bloco - Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. A opinião é do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade.

A mudança afetaria em especial a Argentina, terceiro parceiro comercial do Brasil (corrente de comércio de US$ 15 bilhões em 2012). “Eu defendo que o Brasil tem que se desvencilhar um pouco dessa relação com a Argentina, que impede de fazer acordos internacionais”, disse Robson Andrade, referindo-se a potenciais acordos comerciais com a União Europeia, os Estados Unidos e países da Ásia, que o Brasil poderia negociar.

“Ou nós vamos com a Argentina ou nós vamos sem a Argentina, mas nós não vamos deixar de fazer”, disse o presidente da CNI. Ele reconheceu que a iniciativa confrontaria o acordo econômico com os quatro países vizinhos. “Chega em um ponto que a gente tem que ferir o Mercosul, se a Argentina é um empecilho para que o Brasil faça acordos internacionais”, disse, se referindo a acordos de preferências tarifárias e de uso de tecnologia.

“Hoje, para se discutir acordos internacionais, tem que se discutir em nível do Mercosul. Isso é importante e dá mais peso à discussão. Mas a Argentina não tem facilitado essas discussões por problemas da própria economia. O Brasil tem que discutir com a Argentina: ou ela vai junto ou nós vamos sozinhos. Não podemos é ficar atrasados nessas discussões, porque os acordos internacionais são importantes para nós - para aumentar as exportações, para a transferência de tecnologia e para ter acesso a sistemas que não temos ainda. Tudo isso é importante”, insistiu.


Robson Andrade defendeu o novo tratamento comercial para a Argentina ao responder aos jornalistas brasileiros sobre as conversações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com empresários alemães, espanhóis e brasileiros, ontem (3), em Berlim, capital da Alemanha, em conferência e jantar promovidos pelo Banco Santander. Lula também fez, nesta manhã (horário da Alemanha) em Leipzig - cidade do Leste do país, a 150 quilômetros da capital - uma palestra sobre educação profissional, durante a WorldSkills Competition 2013.

Segundo Andrade, que participou dos eventos com o ex-presidente Lula, “os empresários europeus ainda enxergam o Brasil com muita perspectiva de crescimento”. Para o presidente da CNI, a perspectiva tem a ver com a crise europeia e com o fato de o continente ter infraestrutura pronta (mobilidade urbana, rodovia, ferrovias, saneamento e energia), ao passo que o Brasil precisa fazer investimentos. “Os nossos problemas são também nossas oportunidades”, disse.

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