Brasil deve crescer 0,7% em 2017 e avançar 2,7% em 2018, diz IFF
Na avaliação da entidade, o investimento deve passar a apoiar mais a economia do país conforme as companhias se beneficiam do ambiente de juros mais baixos
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de setembro de 2017 às 14h13.
Última atualização em 27 de setembro de 2017 às 14h14.
São Paulo - O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) afirmou em relatório nesta quarta-feira, 27, que a economia do Brasil deve crescer 0,7% em 2017 e 2,7% em 2018.
Na avaliação da entidade, o investimento deve passar a apoiar mais a economia do País, conforme as companhias se beneficiam do ambiente de juros mais baixos.
O IIF também aponta que a inflação desacelerou e em agosto de 2017 estava abaixo da meta do banco central. "Os principais motores têm sido a recessão, a forte produção agrícola e as credenciais de combate à inflação do banco central, que ajudam a ancorar as expectativas", diz o IIF. "Embora nós projetemos uma aceleração da inflação em 2018, ela deve continuar na meta."
O instituto afirma que três fatores ajudaram recentemente a melhora a confiança no Brasil: reformas para melhorar a produtividade ganharam vigor, em meio à crescente pressão sobre políticos por causa de investigações de corrupção; o cenário global ajudou as exportações; e a inflação bem ancorada e a estabilidade financeira.
O IIF diz, porém, que há vários riscos para a perspectiva, notadamente o déficit fiscal considerável, que torna "crucial" a aprovação de uma reforma previdenciária para a sustentabilidade das contas públicas.
O fracasso em controlar gastos iria reduzir o apoio do mercado e pressionar o câmbio, o que levaria a um aperto monetário e pressionar o crescimento", avalia o IIF.
Além disso, as investigações de corrupção ainda em andamento poderiam levar a mais distúrbios políticos e sociais e enfraquecer a confiança. Além disso, há riscos ligados ao cenário global.
O IIF diz, de qualquer modo, que a combinação de condições macroeconômicas melhores e medidas pró-mercado e uma frágil posição fiscal devem favorecer um candidato prudente para a eleição presidencial de outubro de 2018. "Isso deve tornar a continuidade da direção atual na política no médio prazo mais provável", acredita o IIF.
Crescimento global
O instituto afirmou em relatório que o crescimento global deve ficar um pouco acima do antes esperado pela instituição. O IIF projeta agora que a economia mundial cresça 3,2% neste ano, de 3,1% anteriormente previsto. Em 2018, ele deve ser de 3,3%, também acima dos 3,2% antes projetados.
O IIF afirma que as economias emergentes devem crescer 4,7% neste ano (de 4,6% anteriormente). A zona do euro deve crescer 2,2% em 2017 e 2,0% em 2018, nos dois casos uma elevação de 0,3 pontos porcentuais na projeção.
No caso da China, o crescimento econômico deve ser de 6,8% neste ano e de 6,7% em 2018. Já os Estados Unidos devem crescer 2,2% em 2017, menos que os 2,4% antes esperados, e avançar 2,4% em 2018.
Em seu relatório desta quarta-feira, o IIF diz que a perspectiva global para 2018 "parece agora mais firme que em abril", com notícias positivas em vários países. Além disso, apesar do crescimento robusto e da melhora no emprego, as pressões sobre a inflação e os salários permanecem contidas.
O IIF aponta, porém, que a era da política monetária extraordinariamente relaxada está chegando ao fim, com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reduzindo seu balanço e o Banco Central Europeu (BCE) provavelmente caminhando para reverter sua política mais relaxada ao longo de 2018.
No caso dos EUA, o IIF disse que projeta crescimento menor graças aos poucos progressos do presidente Donald Trump nos estímulos que pretende aprovar, embora as condições financeiras estejam mais relaxadas que o antes projetado.
Quanto aos emergentes, o IIF afirma que a recuperação nos exportadores de commodities ganha impulso, após "alguns anos difíceis". Esses países também são beneficiados pela paciência do Fed no aperto monetário gradual.
Entre os emergentes com projeções disponíveis, o IIF espera crescimento de 0,7% neste ano e de 1,4% em 2018. No caso da Rússia, a expectativa é de avanço de 1,7% e 2,3%, respectivamente.