Petróleo: caso o Brasil entre na Opep deverá tomar parte de cortes de produção determinados pela organização, o que tem gerado críticas (Benjamin Lowy/Getty Images)
Reuters
Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 08h31.
Última atualização em 22 de janeiro de 2020 às 08h32.
Nova Déli - O Brasil começará discussões sobre adesão à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) durante uma visita à Arábia Saudita em julho, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, nesta quarta-feira (22).
"Eu tenho uma visita à Arábia Saudita no meio do ano, e então nós poderemos começar a discussão", disse Albuquerque à Reuters, acrescentando que a entrada do país no grupo não aconteceria neste ano.
O presidente Jair Bolsonaro insinuou a ideia de uma adesão à Opep em outubro passado, mas a possível entrada no cartel não foi bem recebida pelo setor de petróleo, uma vez que produtores temem que nesse caso o Brasil tenha que aderir a cortes de produção acertados entre a Opep e outros produtores.
Questionado sobre se o país iria restringir sua produção em linha com termos da Opep, Albuquerque afirmou: "É uma questão de negociação, nós temos que começar discussões."
"A Arábia Saudita está na presidência do G20. Eu estarei lá em julho, e então nós podemos começar a discutir... nós temos que começar discussões sobre uma associação à Opep."
Tanto a produção quanto as exportações de petróleo do Brasil estão em alta no momento.
O ministro afirmou também que 2020 será um ano melhor para o Brasil, com a produção estimada em 3,5 milhões de barris por dia (bpd), contra 3,1 milhões de bpd em 2019.
Já as exportações devem chegar a 1,4 milhão de bpd de petróleo em 2020, ante 1,1 milhão de bpd em 2019.
Em geral, o Brasil quer produzir 4,3 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boedp) em 2020, ou 13% a mais que em 2019, segundo Albuquerque.
"Nós vamos também aumentar nossa exploração de petróleo e gás. Nós continuaremos com nossos leilões, temos planejados três leilões para 2020", afirmou.
Ele também disse que o Brasil está confortável com os atuais preços do petróleo, com o Brent, referência internacional, em cerca de 64 dólares o barril, valor apontado como "justo" por Albuquerque.