Economia

Brasil bate recorde de 29% dos desempregados buscando vaga há 2 anos

Ainda segundo o estudo, a expectativa para os próximos meses é "de um crescimento menos acentuado da ocupação em 2022" diante das baixas expectativas para a economia

Desemprego: um terço dos desempregados procura emprego há mais de dois anos (Jornal Brasil em Folhas/Flickr)

Desemprego: um terço dos desempregados procura emprego há mais de dois anos (Jornal Brasil em Folhas/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de dezembro de 2021 às 13h40.

No terceiro trimestre, quase 30% dos cerca de 13,5 milhões de desempregados do país estavam em busca de uma vaga havia mais de dois anos. É o maior porcentual de pessoas nessa situação em toda a série histórica iniciada em 2012, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Além disso, o emprego sem carteira assinada cresceu mais do que o trabalho com carteira em todas as atividades econômicas que abriram vagas em relação a um ano antes.

Como a política impacta os investimentos? Aprenda a investir na EXAME Academy

O estudo tem como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).

A taxa de desemprego ficou em 12,5% no terceiro trimestre, segundo os dados da Pnad Contínua dessazonalizados pelo Ipea, ou seja, retirando do cálculo influências dessa época do ano. O resultado significa o menor nível desde o trimestre móvel encerrado em abril de 2020, embora o contingente de pessoas em busca de emprego ainda tenha sido de 13,5 milhões.

"Em conjunção ao elevado patamar da desocupação e da subocupação o aumento do tempo de permanência no desemprego se torna mais um indício de que a situação do mercado de trabalho continua desafiadora. No terceiro trimestre de 2021, a proporção de desempregados que estava nesta situação há mais de dois anos chegou a 29%, atingindo o maior patamar da série", apontou a Carta de Conjuntura do mercado de trabalho divulgada pelo Ipea nesta terça-feira, 21.

O total de empregos com carteira assinada no setor privado cresceu 5,9% no terceiro trimestre de 2021 ante o terceiro trimestre de 2020. No mesmo período, o montante de profissionais sem carteira assinada no setor privado aumentou 18,5%, enquanto o estoque de trabalhadores atuando por contra própria teve elevação de 18,4%.

 

Setores com novas vagas de emprego

Nas dez das 13 atividades econômicas onde houve alta no emprego com carteira assinada, a variação foi mais branda que a do emprego sem carteira.

O segmento de serviços domésticos teve a maior diferença registrada entre o crescimento anual do emprego formal, ou seja, com carteira assinada, (+4,0%) e do emprego informal, sem carteira assinada (+28,1%).

O segmento de alojamento e alimentação teve um salto de 22,0% no emprego com carteira assinada, mas a variação do emprego sem carteira foi quase o dobro, 39,2%.

Na indústria de transformação, a alta no estoque de vagas com carteira foi de 8,7%, enquanto o de sem carteira subiu 22,6%. Na indústria extrativa, o emprego com carteira aumentou 6,3%, e o sem carteira cresceu 22,5%. No comércio, o emprego com carteira aumentou 8,8%, e o emprego sem carteira, 26,8%.

Por outro lado, o setor de construção civil registrou uma das menores diferenças entre o crescimento do emprego formal (+19 2%) e do emprego informal (+22,5%). Na agricultura, o emprego com carteira subiu 7,2% em um ano, e os sem carteira, 8,8%.

"Apesar de expressivo, esse crescimento do emprego informal já era esperado, tendo em vista que, com o controle da pandemia, os setores mais intensivos neste tipo de mão de obra (comércio e serviços) estão retomando suas atividades e gerando, por conseguinte, novos postos de trabalho. Em contrapartida, como o emprego formal foi menos atingido, o seu ritmo de expansão tende a ser mais ameno, mesmo em um contexto de recuperação econômica" apontaram os técnicos no estudo do Ipea.

Ainda segundo o estudo, a expectativa para os próximos meses é "de um crescimento menos acentuado da ocupação em 2022, refletindo um desempenho mais moderado da atividade econômica". No boletim Focus, do Banco Central, a mediana dos economistas ouvidos projeta crescimento de somente 0,5% do PIB para o ano que vem, e alguns casas de análise já estimam crescimento zero

Assine a EXAME por menos de R$ 0,37/dia e tenha acesso ilimitado ao melhor conteúdo sobre economia e negócios.

Acompanhe tudo sobre:CLTDesempregoInformalidadeIpea

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor