Economia

Bolsonaro diz que saída de secretários da Economia é "normal" e defende privatizações

Presidente publicou foto ao lado de Guedes e Tarcísio e afirmou que integrantes do governo estão 'unidos'

BOLSONARO E GUEDES: o Ministro da Economia reuniu os secretários estaduais de Fazenda para tentar construir uma proposta conjunta da União com os Estados.  / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

BOLSONARO E GUEDES: o Ministro da Economia reuniu os secretários estaduais de Fazenda para tentar construir uma proposta conjunta da União com os Estados. / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 12 de agosto de 2020 às 10h49.

Última atualização em 12 de agosto de 2020 às 10h54.

Após o pedido de demissão de dois secretários do Ministério da Economia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que "é normal a saída de alguns" do governo.

Bolsonaro também afirmou ser compreensível alguns ministros buscarem mais recursos para obras essenciais, mas ressaltou o compromisso do governo com "a responsabilidade fiscal e o teto de gastos", além de defender a privatização de "empresas deficitárias".

A declaração, feita na conta de Bolsonaro no Facebook, foi acompanhada de uma foto do presidente com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura).

Tarcísio faz parte da ala do governo que defende o aumento de despesas, enquanto Guedes pede o respeito ao teto de gastos. Bolsonaro disse que ele e seus ministros "continuam unidos e cônscios da responsabilidade de conduzir a economia e os destinos do Brasil com responsabilidade".

Na terça-feira, Guedes classificou como "debandada"os pedidos de demissão dos secretários Salim Mattar (Desestatizações) e Paulo Uebel (Gestão e Governo Digital). De acordo com o ministro, as saídas ocorreram por dificuldades nas privatizações e na reforma administrativa, respectivamente.

Após deixar o governo, o agora ex-secretário de Desestatização, Desinvestimento e Mercados Salim Mattar disse na noite desta terça-feira que deixou o cargo porque há falta de “vontade política” em avançar nas privatizações, principal agenda de sua pasta.

Sem citar nomes, Bolsonaro escreveu nesta quarta-feira que "em todo o governo, pelo elevado nível de competência de seus quadros, é normal a saída de alguns para algo que melhor atenda suas justas ambições pessoais" e acrescentou que os dois secretários "vão para uma outra atividade muito melhor".

Ao mesmo tempo, o presidente explicou as dificuldades na agenda econômica. Disse que "privatizar está longe de ser, simplesmente, pegar uma estatal e colocá-la numa prateleira" e ressaltou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a venda de "empresas-mãe" precisa ter um aval do Congresso.

Além disso, em referência à reforma administrativa, afirmou que "os desafios burocráticos do estado brasileiro são enormes e o tempo corre ao lado dos sindicatos e do corporativismo e partidos de esquerda".

Na mensagem, Bolsonaro também comentou a divisão atual do governo em relação ao tema dos gastos públicos. Uma ala, liderada pelo ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e que conta com o apoio de Tarcísio e dos ministros militares, pressiona pelo crescimento dos investimentos.

Guedes é contrário e afirmou na terça-feira, sem citar nomes, que os auxiliares que aconselham o presidente a burlar a regra do teto de gastos estão levando Bolsonaro para uma zona de impeachment.

 

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