Economia

Bolsonaro diz que é Guedes quem decide sobre fórmulas para salário mínimo

Guedes é crítico de regras de longo prazo para salário mínimo, como a que vigorou de 2010 a 2019, e defende que o valor seja definido ano a ano

Paulo Guedes e Jair Bolsonaro: "Quem trata desse assunto é um tal de Paulo Guedes, que está fazendo um bom trabalho" (Marcos Corrêa/PR/Reprodução)

Paulo Guedes e Jair Bolsonaro: "Quem trata desse assunto é um tal de Paulo Guedes, que está fazendo um bom trabalho" (Marcos Corrêa/PR/Reprodução)

AO

Agência O Globo

Publicado em 2 de janeiro de 2020 às 13h27.

Brasília — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que não sabe se o salário mínimo será reajustado a cada ano por meio de medida provisória (MP), como ocorreu de 2019 para 2020, e afirmou que a definição de uma nova política sobre o tema cabe ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

Questionado se enviaria ao Congresso uma proposta de política de reajuste, Bolsonaro respondeu:

"Não sei. Quem trata desse assunto é um tal de Paulo Guedes, que está fazendo um bom trabalho ", disse, na saída do Palácio da Alvorada.

O presidente ainda afirmou que gostaria de um salário mínimo de R$ 10 mil, mas que não haveria dinheiro para isso, e disse que o reajuste desse ano (de 4,1% ) foi maior do que seria se a antiga fórmula de aumento ainda estivesse em vigor.

O antigo formato, que vigorou de 2010 até a virada de 2018 para 2019, previa que o piso nacional fosse reajustado pela inflação do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Paulo Guedes é um crítico de uma regra de longo prazo para o salário mínimo e defende que o valor seja definido ano a ano.

O novo valor do salário mínimo — R$ 1.039 — foi definido em uma MP editada por Bolsonaro no dia 31 de dezembro. Havia a expectativa de que o mínimo nacional fosse corrigido apenas pela alta de preços, para R$ 1.037. Em 2019, vigorou no país o piso de R$ 998.

O projeto de lei orçamentária aprovado pelo Congresso previa salário mínimo de R$ 1.031, com a reposição de 3,31% — projeção para a inflação mais atualizada na época em que o texto foi elaborado.

O reajuste para 2020 acabou sendo mais alto que a inflação por causa de um ajuste técnico da equipe econômica. Em 2018, quando definiu o salário mínimo de R$ 998, o governo considerou a projeção para o INPC naquele ano. O índice oficial, no entanto, que só foi divulgado em janeiro, veio maior que o esperado.

Com isso, o salário mínimo de 2019 deveria ter sido de R$ 999,91, não de R$ 998. O governo resolveu fazer esse ajuste no salário de 2020. Assim, o novo piso foi calculado sobre uma base maior.

Na prática, foi concedido um reajuste de 3,86%, o INPC esperado para 2019, sobre o salário mínimo ajustado de 2019. Assim, o governo chegou ao valor arredondado de R$ 1.039.

Acompanhe tudo sobre:Jair BolsonaroPaulo GuedesSalário mínimo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto