IPCA 2022: A projeção para 2023 interrompeu a sequência de seis semanas de alívio e foi mantida em 5,00%, contra 5,27% (Getty/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de outubro de 2022 às 09h05.
Última atualização em 3 de outubro de 2022 às 10h15.
O Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 3, mostrou nova redução da mediana para a alta do IPCA - índice de inflação oficial - deste ano, enquanto a projeção para 2023 interrompeu a sequência de seis semanas de alívio e foi mantida em 5,00%, contra 5,27% quatro semanas antes.
Para 2022, a alteração foi de 5,88% para 5,74%, após a deflação de 0,37% no IPCA-15 de setembro. Foi a 14ª queda consecutiva da previsão. Há um mês, a mediana era de 6,61%.
Considerando somente as 64 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 5,77% para 5,65%. Para 2023, variou de 5,00% para 4,98%.
Apesar da melhora considerável nas últimas semanas, as medianas divulgadas na Focus continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta, após o descumprimento do mandado do Banco Central em 2021, com o IPCA de 10,06%. O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.
Já a mediana para o IPCA de 2024 foi mantida em 3,50%, contra 3 43% há um mês. A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 64 semanas atrás. A meta para ambos os anos é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.
No Copom de setembro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 5,8% em 2022, 4,6 % em 2023 e 2,8% para 2024. O colegiado manteve a Selic em 13,75% ao ano, decretando o fim de seu mais longo ciclo de alta de juros.
O mercado financeiro continuou a melhorar as estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 no Boletim Focus, conforme divulgação realizada nesta segunda-feira, 3, pelo Banco Central. A projeção para a alta do PIB em 2022 subiu de 2,67% para 2,70%, 14ª alta seguida, contra 2,26% há um mês.
A estimativa para a expansão do PIB em 2023 também cresceu, de 0 50% para 0,53%, ante 0,47% um mês antes.
Considerando apenas as 36 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2022 avançou de 2,70% para 2 75%. No caso de 2023, houve 36 atualizações nos últimos cinco dias úteis, com variação da mediana de 0,58% para 0,70%.
O Relatório Focus ainda mostrou redução na projeção para o crescimento do PIB em 2024, de 1,75% para 1,70%.
Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,80% e 2,00%, respectivamente.
O cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023 completou a 10ª semana seguida sem alterações no Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 3, pelo Banco Central (BC). A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, mesmo valor de um mês antes.
Para 2023, também permaneceu em R$ 5,20, repetindo a estimativa de quatro semanas atrás.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.
Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
O mercado financeiro continuou a projetar, no Boletim Focus, que a taxa Selic deve terminar este ano em 13,75% e 2023 em 11,25%, em linha com as sinalizações dadas pelo Banco Central. Há um mês os porcentuais previstos eram de 13,75% e 11,25%, respectivamente.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, o BC manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, decretando o fim do mais longo ciclo de alta de juros da história do comitê. A autoridade monetária indicou a manutenção da Selic nesse patamar por "período suficientemente prolongado" para alcançar a convergência da inflação para a meta, mas alertou que, caso a desinflação não ocorra como o esperado, pode voltar a subir os juros.
Na semana passada, porém, os membros do Copom sinalizaram que o BC está confortável com o cenário que a Focus exibia para a Selic. "Usando a curva do Focus com corte em junho, mostramos que a gente atinge nossos objetivos", disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto, na entrevista coletiva do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), em referência à convergência para a meta em 2024.
Mas Campos Neto evitou, contudo, dizer quão "suficientemente prolongada" deve ser a manutenção da Selic em níveis elevados para se que chegue às metas de inflação. "Deixamos claro que existem riscos para as projeções, que estamos vigilantes e que podemos inclusive voltar a subir os juros", destacou.
Atualmente, o foco de atuação da política monetária para pôr a inflação na meta considera os anos de 2023 e, em menor grau, de 2024. Mas com os ruídos derivados das desonerações tributárias sobre os combustíveis e a incerteza sobre a duração da medida, o BC prefere dar ênfase na projeção de inflação para o ano encerrado no primeiro trimestre de 2024. Como o horizonte de atuação é móvel, cada vez mais, o BC vai focar no ano de 2024.
Considerando apenas as 63 respostas nos últimos cinco dias úteis a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Para o término de 2023, as 63 revisões feitas nos últimos cinco dias úteis não alteraram a mediana de 11,25%.
Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 subiu de 7,63% para 7,75%, de 7,50% quatro semanas antes.
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