Economia

BNP Paribas corta projeção para PIB do Brasil a 1,5% em 2020

Instituição também reduziu a expectativa para a taxa Selic e inflação, citando impactos do surto do coronavírus

BNP Paribas: banco vê impacto do coronavírus na economia chinesa e influência em outros mercados, inclusive o brasileiro (Benoit Tessier/Reuters)

BNP Paribas: banco vê impacto do coronavírus na economia chinesa e influência em outros mercados, inclusive o brasileiro (Benoit Tessier/Reuters)

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Reuters

Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 19h16.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2020 às 19h51.

O BNP Paribas cortou de 2% para 1,5% sua estimativa para crescimento do PIB brasileiro em 2020 e baixou projeções para inflação e Selic, citando impactos do surto de Covid-19 sobre a economia chinesa — a segunda maior do mundo e principal destino das exportações brasileiras.

O efeito de curto prazo do coronavírus será mais forte do que o previsto por muitos, retirando 0,4 ponto percentual da taxa de expansão esperada para a economia global, disse o banco francês, que espera que o PIB chinês cresça 1,2 ponto percentual a menos, marcando 4,5% em 2020.

"Essa queda no crescimento terá um impacto significativo sobre o Brasil, para o qual já mantínhamos uma projeção de aumento do PIB abaixo do consenso para 2020", afirmou em relatório Gustavo Arruda, economista-chefe do BNP no Brasil.

O impacto sobre o PIB brasileiro ficará concentrado no primeiro semestre, com projeção de que a economia cresça 0,2% no primeiro trimestre sobre o quarto (ante expectativa anterior de 0,4%) e 0,1% entre abril e junho sobre os três primeiros meses de 2020 (+0,5% antes).

Fevereiro tem sido marcado por uma série de revisões para baixo nas perspectivas para expansão da economia. Apenas na terça pelo menos Citi e MUFG baixaram as projeções, depois de dias atrás JPMorgan, Itaú Asset Management, UBS, Bank of America e Santander Brasil fazerem o mesmo.

O BNP Paribas, porém, manteve prognóstico de expansão de 3,0% para a economia em 2021.

Selic e inflação

"Esperamos agora que a taxa Selic caia do atual patamar de 4,25% para uma mínima recorde de 3,50% até o fim de 2020", disse Arruda, que projeta retomada do ciclo de queda do juro em junho ou antes.

O economista entende que a sinalização pelo BC de interrupção da série de reduções de juro é "compreensível", mas considera que, devido aos impactos do coronavírus sobre a economia, o BC precisará alterar o curso.

Arruda avalia que um ritmo de cortes de 0,25 ponto percentual por reunião daria ao BC tempo para avaliar a quantidade de flexibilização monetária exigida pela economia.

Os juros mais baixos serão possíveis num cenário de inflação também cadente. O BNP revisou de 3,5% para 3,0% a variação esperada para o IPCA em 2020 e de 3,75% para 3,50% o número projetado para 2021.

A justificativa é "combinação de um núcleo de inflação bem-comportado com repasse limitado de um real depreciado e surpresas desinflacionárias de curto prazo nos preços dos alimentos".

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