BM&FBovespa: conversas sobre Cetip não envolvem venda de ativos
A BM&FBovespa anunciou em abril passado a compra da Cetip, em negócio avaliado em cerca de 12 bilhões de reais
Reuters
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 15h50.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2017 às 21h17.
São Paulo - A BM&FBovespa considera ter apresentado propostas adequadas para remediar preocupações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a fusão com a Cetip e disse que não há discussões até o momento sobre possível venda de ativos, disseram executivos na bolsa nesta segunda-feira.
"Acho que apresentamos propostas adequadas para resolver as principais preocupações do regulador, que são a política de preços e o acesso a dados", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Daniel Sonder, durante apresentação sobre os resultados do quarto trimestre.
O executivo disse, no entanto, que a análise do caso pode levar ainda mais 30 dias depois da extensão pedida pela própria BMFBovespa, o que levaria o prazo final para 24 de maio.
A bolsa pediu recentemente extensão de 60 dias do prazo para análise da operação, para 24 de abril.
A BM&FBovespa anunciou em abril passado a compra da Cetip, em negócio avaliado em cerca de 12 bilhões de reais.
Em outubro, o órgão antitruste classificou o caso como complexo, pouco antes de sua superintendência-geral sugerir "remédios" para solucionar problemas concorrenciais.
Segundo o presidente-executivo da empresa, Edemir Pinto, não houve até agora discussões sobre eventual venda de ativos como condição para o Cade aprovar o negócio. "Uma exigência de venda de ativos seria uma surpresa para nós", disse Edemir.
Segundo Sonder, a BM&FBovespa deve voltar a ser uma empresa com baixo endividamento após concluir a amortização de dívidas para compra da Cetip, o que deve acontecer em até 3 anos.
Em dezembro, a BM&FBovespa anunciou uma emissão de 3 bilhões de reais em debêntures para ajudar a custear o negócio.
Até lá, a empresa não deve fazer recompras de ações. Mas o objetivo é manter ou até elevar o percentual do lucro distribuído aos acionistas, que foi de 63 por cento em 2016. E a bolsa tende a fazer a distribuição dessa remuneração por meio de juros sobre o capital próprio, o que lhe daria maiores vantagens fiscais, disse Sonder.
A BM&FBovespa anunciou na sexta-feira à noite que teve lucro quase bilionário no quarto trimestre, impulsionado por uma movimentação contábil e pelo aumento das receitas, que refletiu a melhora do mercado acionário brasileiro.
CARF
Sonder disse ainda que a bolsa mantém a avaliação de que a chance de perda no caso de julgamento de multas bilionárias recebidas pela Receita Federal é remota.
A Receita aplicou duas multas bilionárias contra a empresa por entender que ela usou um critério fiscal equivocado na fusão entre BM&F e Bovespa que deu origem à empresa, em 2008. Os casos estão no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e o julgamento foi postergado várias vezes.
A BM&FBovespa obteve há duas semanas liminar que suspendeu julgamento no Carf sobre uma das multas.
IPO
Edemir afirmou também esperar que a melhora do cenário macroeconômico do país permita uma retomada do mercado de capitais, pontuada pela volta das ofertas de ações.
O executivo previu que aconteçam cerca de 17 destas operações no mercado brasileiro em 2017, entre ofertas iniciais (IPO, na sigla em inglês) e sequenciais (de empresas já listadas.
Para o executivo, isso deve patrocinar um aumento da participação de investidores pessoa física no volume de negócios da bolsa. A fatia desse público no giro diário, que chegou a ser de cerca de um terço do total, foi de 20 por cento em janeiro.
Às 14h51, a ação da BM&FBovespa caía 0,8 por cento. No mesmo instante, o Ibovespa avançava 1,2 por cento.