Economia

Biden prepara primeiro grande aumento de impostos desde 1993

Novo governo deve revogar leis do ex-presidente Trump que beneficiam corporações e indivíduos ricos, além de outras mudanças para tornar o código tributário mais progressivo

O presidente americano Joe Biden (Ken Cedeno/CNP/Bloomberg/Getty Images)

O presidente americano Joe Biden (Ken Cedeno/CNP/Bloomberg/Getty Images)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 16 de março de 2021 às 18h25.

Última atualização em 18 de março de 2021 às 10h40.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja o primeiro grande aumento de impostos federais desde 1993 para ajudar a financiar o programa econômico de longo prazo concebido para complementar o projeto de lei de alívio à pandemia, de acordo com pessoas a par do assunto.

Ao contrário da lei de estímulo da covid-19 de 1,9 trilhão de dólares, a próxima iniciativa, que deve ser ainda maior, não dependerá apenas da dívida do governo como fonte de financiamento. Embora esteja cada vez mais claro que o aumento de impostos será um componente — a secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse que pelo menos parte do próximo projeto de lei terá de ser paga e sinalizou impostos mais altos, os principais consultores agora preparam um pacote de medidas que podem incluir um aumento tanto da alíquota do imposto corporativo como da taxa individual para pessoas de alta renda.

Como cada redução de impostos e crédito tem seu próprio lobby para apoiá-las, mexer nas alíquotas implica muitos riscos políticos. Isso ajuda a explicar por que os aumentos de impostos na reforma aprovada por Bill Clinton em 1993 se destacam das modestas modificações feitas desde então.

Para o governo Biden, as mudanças planejadas são uma oportunidade não apenas de financiar iniciativas importantes como infraestrutura, clima e ajuda ampliada para os americanos mais pobres, mas também para lidar com o que os democratas afirmam ser desigualdades no próprio sistema tributário. O plano testará a capacidade de Biden de manter republicanos e democratas unidos.

Toda a sua visão sempre foi de que os americanos acreditam que a política tributária precisa ser justa, e ele tem olhado todas as suas opções de política através dessa lente. É por isso que o foco é abordar o tratamento desigual entre trabalho e riqueza.

Sarah Bianchi, chefe de políticas públicas dos EUA na Evercore ISI e ex-assessora econômica de Biden

Embora a Casa Branca tenha rejeitado um imposto sobre a riqueza total, conforme proposto pela senadora democrata progressista Elizabeth Warren, o plano atual do governo mira os ricos.

A Casa Branca deve propor um conjunto de aumentos de impostos, principalmente refletindo as propostas de campanha de Biden para 2020, de acordo com quatro pessoas com conhecimento das discussões.

Os aumentos de impostos incluídos em qualquer infraestrutura mais ampla e pacote de empregos provavelmente incluirão a revogação de partes da lei tributária de 2017 do ex-presidente Donald Trump que beneficiam corporações e indivíduos ricos, além de outras mudanças para tornar o código tributário mais progressivo, disseram pessoas a par do plano.

Uma análise independente do plano tributário da campanha de Biden feito pelo Centro de Política Tributária estimou que o programa arrecadaria 2,1 trilhões de dólares ao longo de uma década, embora o valor em estudo pelo governo provavelmente seja menor. Bianchi disse no início deste mês que os congressistas democratas podem concordar em 500 bilhões de dólares.

De 0 a 10 quanto você recomendaria Exame para um amigo ou parente?

Clicando em um dos números acima e finalizando sua avaliação você nos ajudará a melhorar ainda mais.

 

Acompanhe tudo sobre:Carga tributáriaEstados Unidos (EUA)EXAME-no-InstagramImpostosJoe Biden

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação