Bernanke quer plano 'logo' para cortar déficit dos EUA
Washington - O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Ben Bernanke, disse que os Estados Unidos precisam apresentar um plano para reduzir o déficit orçamentário logo, exortando o presidente da Comissão de Dívida criada por Barack Obama a descobrir como o sistema fiscal pode ser alterado. Falando para uma comissão bipartidária, Bernanke destacou […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Washington - O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Ben Bernanke, disse que os Estados Unidos precisam apresentar um plano para reduzir o déficit orçamentário logo, exortando o presidente da Comissão de Dívida criada por Barack Obama a descobrir como o sistema fiscal pode ser alterado. Falando para uma comissão bipartidária, Bernanke destacou que uma economia é mais forte quando os impostos não são tão altos e são recolhidos de forma eficiente, equitativa e transparente. "Atualmente, existe um amplo consenso de que o código tributário dos EUA não satisfaz estes critérios e necessita de reforma", disse Bernanke em comentários preparados para a primeira reunião da comissão, que foi organizada por Obama.
"Eu suspeito que seria pedir demais que a comissão revise o código de imposto detalhadamente, mas uma imagem completa de nosso dilema orçamentário exigirá a atenção para os pontos fortes e fracos do nosso atual sistema de obtenção de receitas", ressaltou o presidente do Fed. Segundo ele, o EUA terão que escolher entre o aumento de impostos, cortes da Segurança Social ou do programa de saúde, ou gastar menos em tudo, desde a educação até a defesa. Embora Bernanke não tenha feito nenhuma recomendação específica, ele sinalizou que as alterações no sistema fiscal devem ser uma prioridade.
Em recentes audiências no Congresso, Bernanke alertou os parlamentares de que os déficits orçamentários dos EUA não são sustentáveis. A proposta do orçamento para 2011, apresentada pelo presidente Obama, prevê um déficit recorde de US$ 1,6 trilhão, ou 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB), o nível mais alto desde a Segunda Guerra Mundial. O governo planeja reduzir esse valor para 3,9% do PIB até o ano fiscal de 2014, nível ainda superior ao de 3% que os economistas consideram sustentável.
Se tudo correr conforme o planejado, a Casa Branca espera que a dívida cresça acima de 71% do PIB nos próximos dois anos, de 53% do PIB em 2009. Bernanke disse que nem a experiência nem a teoria econômica indicam claramente o limite em que a dívida pública começa a pôr em perigo a prosperidade e estabilidade econômica. "Mas, dados os custos e riscos significativos associados a um rápido aumento da dívida federal, a nossa nação deve em breve colocar em prática um plano crível de redução dos déficits para níveis sustentáveis ao longo do tempo", disse ele.
A falta de um plano desse tipo pode suscitar maiores taxas de juro de longo prazo, colocando a recuperação da economia em risco, alertou Bernanke. Embora não tenha mencionado claramente a Grécia, o presidente do Fed disse que a perda de confiança do investidor na capacidade do governo para alcançar a sustentabilidade fiscal em si pode ser uma fonte de "instabilidade importante". "A História deixa claro que o fracasso para alcançar a sustentabilidade fiscal enfraquecerá, ao longo do tempo, a vitalidade econômica do país, reduzirá os nossos padrões de vida e aumentará o risco de instabilidade econômica e financeira", ressaltou Bernanke. As informações são da Dow Jones.