Economia

BC sobe projeção para PIB de 2019 de 0,8% para 0,9%

De acordo com Banco Central, resultado acima do esperado no 2º trimestre do ano ajudou a subir expectativa

Agropecuária: entre os componentes do PIB para 2019, o BC alterou de 1,1% para 1,8% a projeção de crescimento da agropecuária (Cristiano Mariz/Exame)

Agropecuária: entre os componentes do PIB para 2019, o BC alterou de 1,1% para 1,8% a projeção de crescimento da agropecuária (Cristiano Mariz/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de setembro de 2019 às 08h53.

Última atualização em 26 de setembro de 2019 às 10h33.

São Paulo — Em meio ao processo ainda lento de retomada da economia, o Banco Central (BC) elevou sua expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, de 0,8% para 0,9%. O novo porcentual consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na manhã desta quinta-feira, 26.

"O resultado melhor que o esperado para o PIB do segundo trimestre de 2019 favoreceu o carregamento estatístico para o ano corrente, contribuindo para a elevação da estimativa de crescimento anual", explica o BC, no documento.

Entre os componentes do PIB para 2019, o BC alterou de +1,1% para +1,8% a projeção para a agropecuária. No caso da indústria, a estimativa passou de +0,2% para +0,1% e, para o setor de serviços, foi mantida em +1,0%.

Do lado da demanda, o BC aumentou a estimativa de crescimento do consumo das famílias, de +1,4% para +1,6%. No caso do consumo do governo, o porcentual projetado foi de +0,3% para -0,3%.

O documento agora divulgado indica ainda que a projeção de 2019 para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia - foi de +2 9% para +2,6%.

Balanço de pagamentos

O Banco Central também atualizou no RTI, suas projeções para o balanço de pagamentos em 2019. A projeção para o déficit em transações correntes do país passou de US$ 19,3 bilhões para US$ 36,3 bilhões. A estimativa anterior constou no RTI de junho. Já a projeção para o Investimento Direto no País (IDP) em 2019 foi de US$ 90,0 bilhões para US$ 75 bilhões.

Essas novas projeções já foram feitas após as mudanças estatísticas implementadas recentemente pelo BC nos dados do setor externo. Como informado na última segunda-feira, 23, a instituição fez uma ampla revisão que teve como consequência a alteração de estatísticas desde 2015. Um dos efeitos práticos da revisão é que o déficit nas contas externas aumentou nos últimos anos, enquanto o IDP diminuiu.

Conforme o RTI publicado nesta quinta, a estimativa para o investimento de estrangeiros em ações de empresas brasileiras - incluindo papéis negociados no país e no exterior — foi mantida em zero. No caso dos títulos de renda fixa negociados no País, a projeção foi de saldo positivo de US$ 15,0 bilhões para US$ 12 bilhões.

O BC informou ainda que sua estimativa para a taxa de rolagem de compromissos no exterior em 2019 passou de 85,0% para 100%.

Inflação

O Banco Central manteve sua projeção de inflação para 2019 no cenário de mercado. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, 26, este cenário indica um IPCA de 3,3% para este ano. O porcentual é o mesmo verificado na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada na terça-feira (24).

No RTI divulgado em junho deste ano, o BC projetava alta do índice oficial de preços de 3,6% pelo cenário de mercado.

Para 2020, o cenário de mercado indica que o IPCA ficará em 3,6% porcentual também igual ao visto na ata. No RTI de junho, a projeção era de 3,9%.

Já a projeção para o IPCA de 2021, pelo cenário de mercado, está em 3,7%, indicou o RTI divulgado nesta manhã. No relatório anterior, de junho, o porcentual calculado era de 3,9%. O BC passou a incorporar no relatório divulgado nesta quinta-feira as projeções também para o ano de 2022. No cenário de mercado, a projeção para o IPCA naquele ano é de 3,8%.

O cenário de mercado utiliza como parâmetros as previsões dos analistas, contidas no Relatório de Mercado Focus, para a taxa de câmbio e os juros no horizonte da previsão. Para 2019, a meta perseguida pelo BC é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,75% a 5,75%). No caso de 2020, a meta é de 4,0%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,5% a 5,5%). Para 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 (taxa de 2,25% a 5,25%). Para 2022, a meta é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,00 a 5,00%).

O BC manteve sua estimativa de inflação para 2019 no cenário de referência, que utiliza câmbio e juros constantes para o horizonte de projeções. Segundo o RTI, este cenário indica um IPCA de 3,4% para este ano. O porcentual é o mesmo verificado na ata do último encontro do Copom publicada na terça.

Para 2020, o cenário de referência indica que o IPCA ficará em 3,6%, porcentual também igual ao visto na ata. No RTI de junho, a projeção era de 3,7%.

Já a projeção para o IPCA de 2021, pelo cenário de referência, está em 3,7%, conforme o RTI divulgado nesta quinta-feira. No relatório anterior, de junho, o porcentual calculado era de 3,9%.

O BC passou a incorporar no relatório de hoje as projeções também para o ano de 2022. No cenário de referência, a projeção para o IPCA naquele ano é de 3,9%.

Nos cálculos do cenário de referência, o BC considerou uma Selic de 6,00% ao ano e um dólar a R$ 4,05.

Política monetária estimulativa

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmaram no relatório que "a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural".

Esta avaliação já constou no comunicado da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), quando a Selic (a taxa básica de juros) foi reduzida de 6,00% para 5,50% ao ano. A taxa estrutural é aquela que, em tese, permite o crescimento econômico sem gerar inflação.

No RTI divulgado nesta quinta-feira, o Copom também avaliou que sua decisão da semana passada "reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020".

O Banco Central no RTI que os riscos associados aos preços de energia mostram como a inflação ao consumidor pode ser afetada de "forma rápida" e "significativa" por "fatores voláteis e pouco previsíveis a curto prazo".

Não por acaso, conforme o regulador, a influência dos preços de combustíveis e das tarifas de energia elétrica no processo inflacionário é objeto de frequente análise em outros países, sendo um dos motivos pelos quais bancos centrais e organismos internacionais acompanham medidas de núcleo que excluem os preços mais voláteis, como é o caso do núcleo ex-food and energy que não considera preços de alimentos e produtos energéticos.

"A análise reforça, também, a importância de se avaliar a tendência para a inflação prospectiva em todo o horizonte relevante para a condução da política monetária, valendo-se, além de projeções e expectativas para a inflação, da avaliação do balanço de riscos", conclui o BC, no RTI.

O Relatório Trimestral de Inflação voltou a destacar que, no exterior, a adoção de estímulos monetários adicionais nas principais economias, "em contexto de desaceleração econômica e de inflação abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes". "Entretanto, o cenário segue incerto, e os riscos associados a uma desaceleração mais intensa da economia global permanecem", pontuou o BC no relatório.

Ao avaliar o ritmo da economia brasileira, o BC voltou a afirmar no RTI que os indicadores divulgados desde a reunião de junho do Copom "sugerem retomada do processo de recuperação da economia brasileira". "O cenário do Copom supõe que essa retomada ocorrerá em ritmo gradual", ponderou o BC.

O BC voltou a pontuar ainda que as "diversas medidas de inflação subjacente se encontram em níveis confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária" - ou seja, os itens de serviços.

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