"Eventual manutenção ou redução da inadimplência e avanços mais significativos na carteira poderão gerar efeitos positivos na rentabilidade", diz o relatório
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2013 às 18h01.
Brasília - A rentabilidade dos bancos brasileiros vai depender cada vez mais da capacidade de as instituições "imprimirem crescimento vigoroso à carteira de crédito sem perder de vista a gestão eficiente dos riscos", segundo o Relatório de Estabilidade Financeira divulgado nesta quarta-feira pelo Banco Central (BC).
Segundo o BC, o arrefecimento do crescimento do crédito contribuiu fortemente para uma rentabilidade mais modesta dos bancos no segundo semestre de 2012, apesar de o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RSPL) ter se mantido consistentemente acima da taxa livre de risco.
O segundo semestre de 2012 foi marcado pela estabilização da margem bruta de crédito em nível historicamente baixo. E o desempenho menos vigoroso das concessões contribuiu fortemente para o recuo de R$ 1,5 bilhão no lucro líquido do sistema financeiro. Como consequência, o RSPL anual recuou de 14,7% em junho para 13,5% em dezembro de 2012.
As oscilações nos custos de captação e nas taxas das operações de crédito têm se compensado, o que mantém a margem bruta de crédito relativamente estável, 9,4% em dezembro ante a 9,5% em junho de 2012, mas "razoavelmente" inferior aos períodos anteriores.
Para o BC, operações de crédito antigas, concedidas com taxas mais elevadas, contribuem para a rentabilidade das carteiras nos próximos meses.
Também não há expectativa de alterações relevantes na margem bruta de crédito no curto prazo. "Todavia, eventual manutenção ou redução da inadimplência e avanços mais significativos na carteira poderão gerar efeitos positivos na rentabilidade", diz o relatório.
O documento mostra ainda que o crédito bancário perdeu relevância em 2012, respondendo por 65,4% das fontes de financiamento do setor não financeiro em dezembro, redução de 0,6 ponto porcentual no semestre e de 2,1 pontos em 12 meses.
O mercado de capitais voltou a ganhar importância, alcançando 10,7% dessas fontes ao longo do ano, com destaque para os títulos de renda fixa. O saldo de debêntures e de notas promissórias alcançou R$ 210,3 bilhões em dezembro, alta de 20,9% no semestre e de 36,3% no ano.