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BC mantém projeção de crescimento do PIB em 1,0% para 2022

BC tem perspectiva favorável para alguns setores, mas pontua preocupações com a guerra na Ucrânia

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Reuters

Publicado em 24 de março de 2022 às 09h03.

Última atualização em 24 de março de 2022 às 09h07.

O Banco Central manteve sua projeção de crescimento econômico em 2022 a 1,0%, mesmo patamar estimado em dezembro, citando surpresa positiva do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2021 e perspectiva favorável para alguns setores, mas pontuando preocupações com a guerra na Ucrânia, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira.

A projeção do BC, que destaca elevado nível de incerteza por conta do conflito no leste europeu, está no meio do caminho entre dados do governo e a visão do mercado. O Ministério da Economia prevê expansão de 1,5% para o PIB este ano, enquanto o mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 0,5% em 2022.

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No documento, o BC disse que o conflito entre Rússia e Ucrânia gerou aperto significativo nas condições financeiras e aumentou a incerteza em torno do cenário econômico, reafirmando que os choques provocados pela guerra podem exacerbar pressões inflacionárias.

"O conflito armado aumentou a aversão global ao risco, elevando, consequentemente, os prêmios embutidos nos preços dos ativos financeiros, e deve impactar severamente a economia russa e seus principais parceiros comerciais", disse.

Para o BC, o novo cenário traz pressão adicional aos preços das commodities e de insumos energéticos e cria novos desafios para o comércio mundial.

"A escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia e as sanções aplicadas tendem a impactar a logística e o comércio da região, com possíveis efeitos globais relevantes", apontou.

O documento destaca que embora o Brasil tenha reduzida corrente de comércio com Rússia e Ucrânia, as importações brasileiras de adubos e fertilizantes dos dois países são expressivas. Com isso, para o BC, choques permanentes na oferta desses insumos podem ter implicações negativas para o plantio agrícola nos próximos trimestres.

Recuperação da atividade

Sobre a economia brasileira, o BC disse que o quarto trimestre de 2021 teve crescimento acima do esperado e que é aguardada uma recuperação de indicadores em fevereiro e março após recuo da atividade em janeiro.

"Adicionalmente, mantém-se perspectiva favorável para alguns setores específicos, como a agropecuária e as atividades econômicas que ainda estão em processo de recuperação dos impactos negativos da pandemia", afirmou.

A autoridade monetária ponderou que, em sentido oposto, a escassez de matéria-prima ainda é um fator limitante para a indústria e que a alta de commodities e importados (embora atenuada pela valorização do real) pode ser considerada um novo choque de oferta com impacto de alta na inflação e queda da atividade. O documento também citou efeitos das gestões fiscal e monetária.

"O risco fiscal elevado e o processo de aperto monetário em curso continuam impactando as condições financeiras atuais e, consequentemente, a atividade econômica corrente e futura", disse.

No relatório, o BC apontou que a inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada em vários componentes, e mais persistente que o antecipado. O documento ressaltou que parte significativa da surpresa inflacionária está relacionada a componentes mais voláteis, em especial combustíveis e alimentos, mas também houve surpresa em itens associados à inflação subjacente, que elimina componentes transitórios e indica a tendência para os preços.

Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a intenção de subir a Selic novamente em 1,0 ponto na reunião de maio, em continuidade ao ciclo de alta para levar a taxa básica de juros a território ainda mais "significativamente contracionista" para conter a inflação.

Atualmente a taxa básica de juros está em 11,75% ao ano.

Expansão de crédito

O Banco Central prevê um crescimento do crédito no país de 8,9% este ano, ante estimativa de 9,4% feita em dezembro, conforme dados do seu Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira.

Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 11,2% em 2022, contra expectativa anterior de 11,7%. Para as empresas, a alta foi calculada em 5,7%, ante 6,3% no último relatório.

Para o estoque de crédito livre, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomadores, o BC projeta agora uma expansão de 13,0% (+12,5% antes). Para o crédito direcionado, que atende a parâmetros estabelecidos pelo governo, a perspectiva é de alta de 2,8% (+4,8% antes).

Transações correntes

O Banco Central melhorou nesta quinta-feira sua estimativa para o resultado das transações correntes neste ano, passando a ver um saldo positivo de 5 bilhões de dólares neste ano, ante rombo de 21 bilhões de dólares projetado em dezembro.

Em seu Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, o BC manteve a perspectiva para os Investimentos Diretos no País (IDP) em 55 bilhões de dólares em 2022.

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