BC: estimativa do banco é superior à projeção oficial do governo (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Repórter
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 09h50.
O Banco Central elevou de 2% para 2,3% a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025, segundo o Relatório de Política Monetária divulgado nesta quinta-feira, 18.
A revisão reflete a atualização das séries históricas das Contas Nacionais Trimestrais (CNT), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que reavaliou o desempenho da agropecuária no primeiro semestre.
O setor foi o principal responsável pelo ajuste para cima da estimativa do PIB neste ano. O BC aumentou a projeção de crescimento da agropecuária de 9% para 11%, incorporando tanto a revisão da série histórica quanto a surpresa positiva registrada na produção do terceiro trimestre.
A previsão de crescimento da indústria foi ajustada de 1% para 1,6%. Segundo o Banco Central, a alta é motivada pela elevação das estimativas para todos os segmentos da atividade industrial.
Na contramão, a projeção de crescimento do setor de serviços foi reduzida de 1,8% para 1,7%. O segmento responde por cerca de 70% do PIB nacional.
A revisão ocorreu mesmo com elevação nas estimativas para comércio, transportes e administração, saúde e educação públicas. Os principais destaques foram a revisão para cima do segmento de transporte e a revisão para baixo dos serviços de intermediação financeira.
A estimativa do BC para o crescimento do PIB em 2025 é superior à projeção oficial do governo. A Secretaria de Política Econômica, do Ministério da Fazenda, prevê uma alta de 2,2% da economia neste ano.
Já o mercado financeiro estima que a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país avance 2,25% em 2025, na comparação com 2024.
De acordo com o relatório, o PIB brasileiro avançou 1,9% no terceiro trimestre. A alta anual, na comparação com o mesmo período do ano passado, representa o menor ritmo de crescimento desde 2020, quando a economia registrou queda de 3% em meio aos efeitos adversos da pandemia.
Para 2026, o Banco Central projeta crescimento de 1,6% do PIB. A estimativa considera a expectativa de manutenção dos juros elevados, o baixo nível de ociosidade dos fatores de produção, a perspectiva de desaceleração da economia global e a ausência do impulso agropecuário observado em 2025.
Em contrapartida, revisões negativas para a agropecuária e para a indústria extrativa, influenciadas pelas primeiras projeções de safra e por perspectivas menos favoráveis para o minério de ferro, limitaram a projeção de alta.
O Relatório de Política Monetária também trouxe revisão para as projeções de inflação. A chance de estouro do teto da meta do IPCA em 2025 recuou de 71% para 26%.
Além disso, o Banco Central reduziu de 4,8% para 4,4% a estimativa de alta acumulada do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano.
Se confirmada, a inflação ficará dentro do limite de até 4,5% estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para o fim de 2025.