Economia

BC diz que não há projeto para moeda única entre Brasil e Argentina

Durante visita à Argentina, Bolsonaro afirmou a jornalistas que Paulo Guedes deu "o primeiro passo para um sonho de uma moeda única na região do Mercosul"

CASA DA MOEDA: "peso real" é como está sendo chamada a eventual moeda única entre Brasil e Argentina (Casa da Moeda/Divulgação)

CASA DA MOEDA: "peso real" é como está sendo chamada a eventual moeda única entre Brasil e Argentina (Casa da Moeda/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 7 de junho de 2019 às 09h32.

Última atualização em 7 de junho de 2019 às 09h49.

São Paulo/Buenos Aires — O Banco Central informou que não há projetos nem estudos em andamento para uma união monetária entre Brasil e Argentina, após o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado que foram iniciadas negociações nesse sentido entre os governos de ambos os países.

Durante visita à Argentina, Bolsonaro afirmou a jornalistas na noite de quinta-feira que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu "o primeiro passo para um sonho de uma moeda única na região do Mercosul, o peso real", e um porta-voz do Ministério das Finanças da Argentina confirmou negociações nesse sentido.

"Estamos trabalhando nisso no médio a longo prazo", disse o porta-voz argentino à Reuters. A proposta poderia incluir Uruguai e Paraguai, outros parceiros do Mercosul, de acordo com a mídia.

Pouco depois, o BC divulgou nota afirmando que não há projetos nesse sentido.

"Há tão somente, como é natural na relação entre parceiros, diálogos sobre estabilidade macroeconômica, bem como debates acerca de redução de riscos e vulnerabilidades e fortalecimento institucional", disse a nota.

A suposta iniciativa, da qual poucos detalhes foram revelados e é apresentada como um projeto de “muito a longo prazo”, foi conhecida no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro realizou a sua primeira visita de Estado à Argentina desde que chegou ao poder, em janeiro. Ele se reuniu com o mandatário argentino Mauricio Macri, e se encontrou com empresários.

Foi neste último compromisso que, segundo veículos de imprensa argentinos, Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, se referiram à negociação para criar uma espécie de “peso real” e um banco central supranacional.

“É algo muito a longo prazo. A moeda comum pode ser um projeto de longo prazo, mas requer uma convergência macroeconômica prévia”, disse à Efe as fontes argentinas, confirmando que Paulo Guedes e o ministro da Fazenda da Argentina, Nicolás Dujovne, avançaram nas conversas e voltarão a tratar o tema na próxima cúpula do G20, em Osaka (Japão), no final deste mês.

“É o primeiro passo para um sonho de uma moeda única. Como aconteceu o euro lá atrás, pode acontecer o peso real aqui”, disse Bolsonaro ao deixar o hotel onde estava hospedado em Buenos Aires. O presidente brasileiro volta nesta manhã para o Brasil. “Meu forte não é economia, mas acreditamos no feeling, na bagagem, no conhecimento e no patriotismo do Paulo Guedes, ministro da Economia, nessa questão também”, afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de o anúncio do projeto ser uma manobra eleitoral do governo de Mauricio Macri, Bolsonaro mudou de assunto e voltou a falar que ninguém quer que a América do Sul “flerte com o comunismo, o socialismo”. “Infelizmente isso aconteceu na nossa querida Venezuela”, disse.

Tanto o peso argentino – que tem sido altamente volátil e desvalorizado em mais de 50% no ano passado – quanto o real são duas moedas de mercados emergentes que sofrem de forma habitual os caprichos da economia internacional e os dois países, especialmente a Argentina, registram inflação alta.

A ideia de adotar uma moeda comum já surgiu em outras ocasiões da relação bilateral argentino-brasileira, embora não tenha seguido a diante.

Durante todo o dia, Macri e Bolsonaro e outros membros de seus governos apoiaram fortemente a necessidade de impulsionar o Mercosul.

“O Mercosul requer eficiência no comércio entre os membros, mas também que seja uma plataforma de abertura e de eficiência para o resto do mundo, como se vê em negociações estratégicas que estão perto de concluir, como a com a União Europeia”, disse o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

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