Economia

BC diz que é plausível que política monetária não mude

Banco acredita que pode levar a inflação para a trajetória da meta dentro do cenário que não inclui redução da Selic


	Banco Central: Copom pondera que pressões inflacionárias presentes na economia tendem a arrefecer
 (Gregg Newton/Bloomberg)

Banco Central: Copom pondera que pressões inflacionárias presentes na economia tendem a arrefecer (Gregg Newton/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2014 às 12h07.

São Paulo - O Banco Central acredita ser "plausível" levar a inflação para a trajetória da meta dentro do cenário que não inclui queda do juro básico, ao mesmo tempo em que vê a pressão sobre os preços elevada, mas não mais "resistente".

A avaliação do BC na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, reforçou perspectivas de que a taxa Selic continuará em 11 por cento ao ano pelo menos até o fim de 2014, em meio a um cenário que inclui também atividade econômica fraca.

"Apesar de a inflação ainda se encontrar elevada, o Copom pondera que pressões inflacionárias ora presentes na economia... tendem a arrefecer ou, até mesmo, a se esgotarem ao longo do horizonte relevante para a política monetária", disse o BC na ata.

"Nesse contexto, é plausível afirmar que, mantidas as condições monetárias --isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária--, a inflação tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção", acrescentou.

Na ata anterior, divulgada em julho, a autoridade monetária não havia usado a expressão "plausível" para descrever esse cenário, mas que via um cenário de "inflação resistente nos próximos trimestres", frase que retirou no documento divulgado nesta manhã.

"(O BC) acabou reforçando a ideia de que o caminho natural é de manutenção (da Selic), mas não é uma cláusula pétrea... Ele botou o plausível exatamente na parte em que tira a ideia de que vão cair os juros. Então existe uma probabilidade maior hoje do que em julho que o próximo passo seja de baixa, e não de alta (dos juros)", afirmou o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, que vê a Selic estável até o fim de 2015.

Pela ata, o BC também reduziu a projeção de inflação para este ano, mas encontrando-se acima do centro da meta, e manteve suas estimativas para 2015, pelo cenário de referência.

A autoridade monetária, que não divulga pela ata projeções quantitativas para a inflação, apenas qualitativas, também vê que "nos trimestres iniciais de 2016, as projeções indicam que a inflação entra em trajetória de convergência" para a meta.

A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento ao ano pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

No último encontro antes da eleição presidencial em outubro, em 3 de setembro, o Copom manteve a Selic em 11 por cento ao ano pela terceira vez seguida e excluiu a expressão "neste momento" do texto do comunicado, sinalizando que não pretende mexer na política monetária tão cedo em meio à fraqueza da economia e com a inflação ainda elevada.

A expectativa no mercado futuro de juros é de que novo ciclo de aperto monetário eventualmente comece apenas em 2015. Nesta sessão, os contratos de DIs na BM&F recuavam devido ao mau resultado das vendas do varejo no país.

Pela ata, o Copom também informou que vê que o ritmo de expansão da atividade doméstica tende a ser menos intenso este ano em comparação a 2013. A economia brasileira entrou em recessão técnica no primeiro semestre.

Mesmo dentro do cenário de atividade fraca, o IPCA continua pressionado, chegando a 6,51 por cento em 12 meses em agosto.

Atualizado às 12h07

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