Economia

Para Barclays, o grosso do rali nas bolsas já ficou para trás

Banco, porém, acredita que os mercados emergentes continuarão em alta e que eventuais momentos de baixa serão oportunidades para compra de ações

Bovespa: analistas acreditam que os mercados emergentes devem ter um desempenho superior ao da economia mundial daqui em diante (.)

Bovespa: analistas acreditam que os mercados emergentes devem ter um desempenho superior ao da economia mundial daqui em diante (.)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2009 às 09h30.

Após um momento de forte recuperação no segundo trimestre, os principais mercados globais perderam fôlego nas últimas semanas. O Ibovespa chegou a recuar mais de 10% em relação às máximas atingidas neste ano com o fim do forte movimento de entrada de recursos estrangeiros no Brasil.

O mercado começou a se questionar se as altas das semanas teriam sido exageradas ou o início da recuperação da economia mundial justificava a valorização das ações. Para a equipe do banco Barclays, o grosso do rali nas bolsas ao redor do mundo já ficou para trás, mas eventuais movimentos de realização de lucros pode criar boas oportunidades para entrar no mercado.

"Para o próximo trimestre, esperamos que os mercados mundiais continuem a se beneficiar do contínuo declínio nos prêmios de risco e da recuperação das commodities, apesar de, em ambos os casos, a maior parte do rali ter ficado atrás de nós", afirmou o banco em seu relatório trimestral sobre mercados emergentes, intitulado "O Cenário do Pós-Crise".

O Barclays concorda com a análise de boa parte do mercado de que a recuperação econômica mundial foi interpretada de uma forma otimista demais. Porém, a perspectiva é que a intensa desvalorização dos índices que foi observada no segundo semestre de 2008, quando a crise se aprofundou, não se repita agora, em especial com o gradual retorno do crescimento econômico.

Mercados emergentes

Os mercados emergentes devem ter um desempenho superior ao da economia mundial daqui em diante, com a volta da aposta de que esses países sairão fortalecidos do período de crise, até porque estão sob menor influência da economia norte-americana e sem graves problemas no sistema financeiro - com exceção da Europa Oriental.

Segundo os analistas, os emergentes passaram no teste imposto pela crise, mas ainda estão sujeitos à instabilidade do sentimento de confiança no mercado, que foi "muito longe, muito rápido" e pode trazer certa pressão sobre as ações.

Com isso, o banco prevê que as baixas continuarão a aparecer eventualmente. Tais momentos serão de suma importância, já que trarão oportunidades para que os investidores voltem a comprar ações.

A mesma instabilidade que atinge os mercados pode ser colocada como principal responsável pelo colapso econômico nas regiões no quarto trimestre do ano passado. A equipe explica que o fraco desempenho dos países emergentes não foi por consequência da desaceleração dos Estados Unidos, mas sim fruto de um "ataque de pânico global".

Brasil

Dentre os emergentes, o Barclays ressalta que o Brasil parece posicionado para uma recuperação estável e, ao mesmo tempo, sua desaceleração deve apoiar uma visão benigna sobre a inflação. Com isso, os juros do país provavelmente continuarão caindo e terão apenas uma leve elevação a partir do próximo ano.

A perspectiva positiva é baseada nos dados econômicos dos últimos meses, que mostraram sinais de que o país se recupera mais rápido do que outras nações emergentes. A produção industrial, por exemplo, apresentou quatro meses consecutivos de avanço.

Além disso, o desemprego cresceu apenas 1 ponto percentual em relação à baixa recorde de 2008. "Vemos uma recuperação da atividade econômica acontecendo, mas acreditamos que será gradual, alcançando seu pico no quarto trimestre de 2009", projeta.

Para este ano, porém, a expectativa ainda é de queda no PIB, que deve encerrar 2009 1,4% menor do que o apresentado em 2008. A volta do crescimento acontece nas previsões somente em 2010, quando a economia brasileira ficará 3,6% maior, segundo as projeções do Barclays.

Ásia

O caminho para o crescimento, gradativamente, está sendo recuperado na Ásia, com a China indicando a direção correta para as demais economias. A vantagem dos chineses, para o Barclays, está em seus estímulos monetários e fiscais, que começaram a dar resultados no primeiro trimestre. Com isso, a expectativa é de que o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresça 7,8% em 2009 e 9,6% em 2010.

Os demais emergentes do continente asiático também devem crescer nos próximos anos. Os analistas projetam que as economias apresentarão uma média de avanço de 4,9% ao fim deste ano e 7,5% em 2010.

EUA e Europa

Mas não são somente os asiáticos que devem voltar a acelerar o passo de crescimento. O Barclays acredita que o próximo semestre marcará também a volta do avanço no PIB norte-americano. Para o banco, os estímulos do governo devem surtir efeito, impulsionando um aumento de 2,5% no terceiro trimestre e de 3,5% nos três últimos meses de 2009.

A Europa dos países desenvolvidos, por sua vez, não deve ter uma melhora tão expressiva tão cedo. "Os dados europeus são menos temporais que os norte-americanos, mas a evidência disponível sugere que a zona euro continua a se mover em termos de dados positivos, compatíveis com o ciclo e a política de suporte mais fracos, fora do setor automobilístico", diz.
 

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