Bancos se preparam para êxodo de Londres com Brexit "difícil"
Foi o que disse Anthony Browne, presidente do grupo do setor bancário BBA, em artigo publicado no jornal Observer no domingo (23)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2016 às 17h51.
Última atualização em 10 de novembro de 2017 às 17h41.
Londres - Os bancos começarão a transferir operações para fora do Reino Unido no fim deste ano e no começo do próximo porque estão prevendo que o Brexit será difícil.
Foi o que disse Anthony Browne, presidente do grupo do setor bancário BBA, em artigo publicado no jornal Observer no domingo.
Os bancos internacionais estão com “a mão tremendo sobre o botão da transferência”, escreveu ele. “Muitos bancos de menor porte pretendem começar a se mudar antes do Natal; os bancos maiores devem começar no primeiro trimestre do próximo ano.”
Sem nomear nenhum banco, ele disse que essas instituições não podem esperar até o último minuto e precisam “se preparar para o pior”, especialmente porque “o debate público e político no momento está nos levando para o lado errado”.
Convenientemente, algumas imobiliárias já estão encontrando um novo lar para os bancos.
Uma corretora administrada pela Schroders está interessada em um edifício de escritórios em Frankfurt, assim como a CBRE Global Investors e a Standard Life, que estão tentando comprar espaços comerciais em cidades como Dublin e Amsterdã.
Investidores em imóveis buscam capitalizar a escassez de escritórios disponíveis em Paris, Frankfurt e Amsterdã, informa Jack Sidders, da Bloomberg.
A falta de incorporações e o aumento da demanda interna já levou a taxa de vacância nos espaços preferenciais do distrito empresarial dessas cidades aos níveis mais baixos em quase uma década, de acordo com a corretora Savills.
Dor de cabeça para Hammond
Se os bancos realmente forem embora, será uma dor de cabeça para o ministro das Finanças do Reino Unido, Philip Hammond, que planeja flexibilizar o orçamento para dar suporte à economia.
Em jogo estão parte das 66 bilhões de libras (US$ 81 bilhões) que os serviços financeiros pagaram em impostos em 2014-2015, o equivalente a 11 por cento da receita tributária e mais que o suficiente para cobrir as despesas anuais de defesa do Reino Unido.
Opção nuclear?
O jornal The Sunday Times informou que assessores da premiê Theresa May elaboraram um plano para reduzir a taxa de imposto corporativo de 20 por cento para 10 por cento, que será usado como uma “opção nuclear” caso a EU impeça um acordo de livre comércio ou negue às empresas financeiras o acesso ao mercado comum.
Um porta-voz do governo disse ao jornal que um corte tão drástico dos impostos não estava sendo considerado.
Crise constitucional
May se reunirá com os líderes da Escócia, de Gales e da Irlanda do Norte nesta segunda-feira e oferecerá a eles uma “linha direta” com o secretário do Brexit, David Davis, para ajudá-lo a definir a estratégia de saída.
A premiê está fazendo um gesto de reconciliação aos governos descentralizados em meio aos alertas de que o Brexit desencadeará uma crise constitucional se ela não conseguir tê-los a seu lado.
“O governo vai negociar a saída da EU como um único Reino Unido”, disse a porta-voz de May, Helen Bower, a jornalistas. “Um único Reino Unido é vital para proteger os interesses do Reino Unido como um todo. Precisamos nos assegurar de que não estamos criando obstáculos para o comércio dentro do Reino Unido.”
O primeiro-ministro escocês Nicola Sturgeon já está preparando a legislação para um novo referendo sobre a independência se May fizer um acordo para o Brexit que leve o país a sair do mercado único da UE.