Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 29 de junho de 2023 às 09h51.
Última atualização em 29 de junho de 2023 às 09h52.
O Banco Central revisou nesta quinta-feira, 29, a estimativa de crescimento econômico de 1,2% para 2% até o fim de 2023. A projeção saiu no Relatório de Inflação, divulgado nesta manhã.
“A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 1,2%, no Relatório de Inflação anterior, para 2,0% neste Relatório, em razão da surpresa positiva no primeiro trimestre”, diz o BC.
A atividade econômica apresentou crescimento 1,9%, superando amplamente as expectativas. O resultado foi impulsionado, sobretudo, pelo desempenho do setor agropecuário.
Apesar da estimativa positiva do BC, a projeção continua refletindo cenário de desaceleração da atividade econômica. No ano passado, a alta do PIB foi de 2,9%.
A revisão de PIB de 2023 para 2% também está abaixo da projeção do mercado financeiro, que está apostando em alta de 2,18%, conforme o último boletim Focus, que reúne análise de aproximadamente 160 instituições.
Ainda no relatório divulgado hoje, o Banco Central classificou como "surpresa baixista" a desaceleração do nível de preços medido pelo IPCA nos últimos anúncios.
"O comportamento benigno recente nos preços atacados, tanto na parte de alimentos quanto na parte de industriais, sugere continuidade do movimento de arrefecimento da inflação nos próximos meses, considerando as variações na margem", diz trecho do documento.
É esse cenário que permitiu ao Banco Central indicar corte na taxa básica de juros na próxima reunião em agosto. Foi a primeira sinalização de queda na Selic desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
"No relatório (divulgado hoje), não tem uma sinalização clara que o início do corte de juros será no mês de agosto. Mas, nós temos um cenário de melhora em relação as projeções de inflação, não só para 2023, como 2024 e 2025. Pelo documento, não se altera a expectativa de mercado para o eventual corte de agosto", avalia Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
Para o segundo semestre de 2023, entretanto, o BC espera uma maior inflação acumulada em doze meses, como consequência da exclusão do terceiro trimestre de 2022 da base de cálculo. O argumento é que neste período houve uma deflação artificial, em decorrência da redução de curto prazo de tributos sobre o preço de combustíveis
As expectativas de inflação, projetadas pelo mercado nos anos de 2023 e 2024, estão em 5,1% e 4,0%, respectivamente. O BC, para este ano, projeta uma inflação de 5,0%.
O Banco Central também observou, no Relatório de Inflação, um recuo das expectativas de inflação para prazos mais longos citando fatores como as "incertezas menores" em relação à situação fiscal do país, em referência ao arcabouço para controle das contas públicas que terá votação definitiva na primeira semana de julho.
Outro fator para essa melhora das expectativas no longo prazo, segundo o BC, é a "percepção de que a possível elevação da meta de inflação para os próximos anos ficou menos provável".
Para 2024 e 2025, a meta de inflação é de 3%, com intervalo de até 4,5%. Em 2023, a meta é de 3,25%, com teto de 4,75%. Uma mudança nesse parâmetro já foi ventilada por integrantes do governo Lula, no início do ano.
O Conselho Monetário Nacional (CMN), que decide sobre o tema, tem nova reunião na tarde desta quinta-feira.