Economia

Meta de inflação: CMN deve decidir por objetivo contínuo e reforçar queda de juro em agosto

Tendência é que o colegiado fixe a meta em 3%, sem prazo. Atualmente, Banco central tem 12 meses para cumprir objetivo

Simone Tebet e Fernando Haddad são dois dos membros do CMN. Roberto Campos Neto também é membro do colegiado (EDU ANDRADE/Ascom/MF/Flickr)

Simone Tebet e Fernando Haddad são dois dos membros do CMN. Roberto Campos Neto também é membro do colegiado (EDU ANDRADE/Ascom/MF/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 28 de junho de 2023 às 12h01.

Última atualização em 29 de junho de 2023 às 06h45.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne nesta quinta-feira, 29, para debater a meta de inflação de 2026 e reavaliar os objetivos de 2024 e 2025. A tendência, segundo técnicos da equipe econômica ouvidos pela EXAME, é de que o colegiado fixe um objetivo contínuo de 3% para todos os anos, sem prazo definido para atingi-lo. Atualmente, o Banco Central (BC) persegue metas anuais, o que força a autoridade a definir juros mais altos para cumprir o objetivo dentro do prazo.  Com mais tempo para atingir a meta, o BC poderia projetar a redução da inflação em horizontes mais largos. Para essa reunião, discute-se fixar esse período maior, de 18 meses, 24 meses, ou sem prazo definido.

Na prática, essa mudança reduz a dose do remédio amargo – a alta da Selic – para controlar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e pode consolidar as apostas de queda de juros em agosto.

O regime de metas para inflação foi definido por um decreto presencial, em junho de 1999. O CMN, composto pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e pelo presidente do BC, deve debater a nova regra e apresentar ao presidente a minuta de um novo decreto, com fixação de um objetivo contínuo. Pela norma vigente no país, a proposta para uma nova meta parte do Ministério da Fazenda.

Redução de juros

A decisão do CMN e a edição do decreto presidencial tem potencial para acabar com as especulações sobre mudanças de metas e ancorar as expectativas futuras de inflação. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) pontuou essas duas questões como essenciais para o início da queda de juros.

DOSSIÊ: Agosto ou setembro? Mercado diverge sobre quando BC começa corte de juros

A ata da última reunião do Copom, que manteve a Selic inalterada em13,75% ao ano, mostrou que os diretores do BC divergiram como sobre deveriam sinalizar os próximos passados. A avaliação da maioria foi de que a continuidade do processo de desinflação e os impactos sobre as expectativas podem permitir uma queda de 0,25 ponto percentual no próximo encontro, em agosto.

O governo já definiu o que deseja do BC em agosto: um corte de juros de pelo menos 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, confidenciaram à EXAME integrantes do Executivo. E a pressão para que isso ocorra partirá de ministros da equipe econômica, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin.

Acompanhe tudo sobre:CMNInflaçãoSelic

Mais de Economia

Governo envia ao Congresso proposta de orçamento para 2025 com salário mínimo de R$ 1.509

Inflação na zona do euro cai para 2,2% em agosto e aproxima-se da meta do BCE

Governo envia ao Congresso indicação de Galípolo e projetos para aumentar alíquotas da CSLL e da JCP

Lula diz que Galípolo terá autonomia no BC: 'Se ele falar que tem que aumentar juros, ótimo'

Mais na Exame