Banco Central da China reduz taxa de juros crucial para estimular a economia
A taxa de juros para empréstimos a um ano às instituições financeiras (MLF) passou de 2,75% para 2,65%, anunciou o BPC - a redução anterior da taxa havia acontecido em agosto de 2022
Agência de notícias
Publicado em 15 de junho de 2023 às 06h51.
Última atualização em 15 de junho de 2023 às 06h52.
O Banco Popular da China (BPC, central) reduziu nesta quinta-feira, 15, uma taxa de juros crucial e injetou 33 bilhões de dólares (159 bilhões de reais) nos mercados financeiros, coincidindo com a divulgação de dados que mostram uma situação mais frágil da segunda maior economia do mundo.
A taxa de juros para empréstimos a um ano às instituições financeiras (MLF) passou de 2,75% para 2,65%, anunciou o BPC - a redução anterior da taxa havia acontecido em agosto de 2022.
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A tendência da MLF geralmente orienta a taxa de crédito de referência para as famílias, empresas e empréstimos hipotecários, e por isso a taxa é acompanhada de perto pelos mercados.
Uma redução da MLF diminui os custos financeiros dos bancos comerciais e os estimula a conceder mais empréstimos, o que aumentaria potencialmente o consumo local.
O BPC também anunciou a injeção de 237 bilhões yuanes (33 bilhões de dólares, R$ 159 bilhões) na economia por meio da MLF "para manter uma liquidez razoável e suficiente no sistema bancário".
Os anúncios aconteceram em um momento complicado para a economia chinesa, com a publicação de indicadores decepcionantes nos últimos dias.
O BPC divulgou esta semana um inesperado corte em uma taxa de juros de curto prazo, o que, segundo os analistas, reflete uma preocupação crescente das autoridades chinesas com a situação econômica.
Em um novo sinal de problemas, a taxa de desemprego entre os jovens de 16 a 24 anos na China subiu em maio para 20,8%, um nível recorde, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas.
Recuperação frágil
Para o conjunto da população urbana, a taxa de desemprego em maio foi de 5,2%, mesmo resultado de abril.
A China anunciou nas últimas semanas uma série de indicadores que mostram que a recuperação após o fim das restrições anticovid, anunciadas no fim e 2022, está desacelerando e em alguns setores nem chegou a ser concretizada.
A inflação foi praticamente nula em maio, a 0,2% em ritmo anual, sinal de uma demanda frágil e de um cenário empresarial complicado, e as exportações, motor histórico do crescimento do país, caíram 7,5% em ritmo anual após dois meses de expansão.
O Escritório Nacional de Estatísticas também anunciou nesta quinta-feira que a produção industrial cresceu 3,5% em maio, depois de um avanço de 5,6% em abril.
As vendas no varejo, principal indicador do consumo das famílias, aumentaram 12,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior, uma queda expressiva em relação aos 18,4% do mês anterior.
As autoridades projetam para 2023 um crescimento do PIB de "cerca de 5%", o que seria um dos piores resultados das últimas décadas para o gigante asiático.
A demanda interna reduzida, a inflação próxima de zero e a incerteza global afetam a recuperação da segunda maior economia mundial após a suspensão das restrições anticovid.
O economista e conselheiro do governo Liu Yuanchun pediu esta semana às agências reguladoras uma redução dos custos dos empréstimos para aliviar a carga fiscal das pequenas e médias empresas.