Baixa produtividade do Brasil não é culpa da educação
O economista Dani Rodrik, de Princeton, derruba os fatores apontados tradicionalmente como problemas para a produtividade brasileira. Para ele, resposta está no comércio
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2013 às 18h57.
São Paulo – Nem infraestrutura , nem educação ou mesmo a gestão macroeconômica das últimas décadas são os maiores entraves que o Brasil enfrenta para vencer a corrida por uma maior produtividade, hoje estacionada em um quinto da norte-americana. Para o professor Dani Rodrik, professor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, o país deve se concentrar no setor de serviços se quiser acabar com a distância entre o que produz hoje um trabalhador nacional e um estrangeiro.
“É o caminho inevitável para Brasil avançar”, afirmou o economista especializado em produtividade no EXAME Fórum , que ocorre hoje na capital paulista.
As falas causaram espanto para a plateia de empresários e analistas presentes, já que a ineficiente infraestrutura e a pouca educação do trabalhador são sempre apontadas como um dos maiores gargalos brasileiros.
“Não é má infraestrutura. Há pouca evidência de que seja o centro do problema”, afirmou Rodrik, que completou ainda que não se deve focar também na baixa taxa de investimentos, hoje inferior a 20% do PIB - que ele acha pequena, mas mesmo assim não o mais sério entrave.
As declarações foram interpretadas pela plateia como uma forma do professor norte-americano concentrar a atenção para o que detectou em sua pesquisa.
Por meio de estudos comparativos, Rodrik mostrou que a produtividade brasileira cresceu pouco nas últimas duas décadas. Enquanto o Brasil apresentou crescimento anual de 1,8% no período; México teve 2,2%; Chile , 3,8%; Peru, 3,7%; Coreia do Sul; 5% e Turquia, 4%.
Como aumentar a produtividade
Segundo o professor, há duas maneiras de aumentar a produtividade de um país: fazendo a mão de obra migar de setores menos produtivos para mais produtivos ou fazendo com que ela aumente dentro de cada setor.
Para o especialista de Princeton, a segunda opção é o único caminho viável para o Brasil já que, na verdade, os trabalhadores brasileiros têm migrado para setores de produtividade baixa, como serviços e administração pública.
A solução "interna" tem sido o caminho de nações desenvolvidas, segundo ele.
Com a solução dependendo de cada setor, de acordo com Rodrik, nenhum é tão emergencial para o Brasil como o de serviços, especificamente o comércio .
O setor de serviços responde hoje por cerca de 60% da economia nacional.
Enquanto a produtividade brasileira no comércio moderno, simbolizado pelos grandes varejistas, é de 75% da norte-americana, no segmento de comércio tradicional, é de apenas 20% da dos Estados Unidos.
“Poderia-se dobrar a produtividade no setor diminuindo apenas o “gap” dentro dos segmentos de comércio”, afirmou ele.
Com isso, a solução passaria por uma série de reformas em sistemas regulatórios e arranjos institucionais do Brasil. “Não há magia para uma solução rápida”, sentenciou o professor.
São Paulo – Nem infraestrutura , nem educação ou mesmo a gestão macroeconômica das últimas décadas são os maiores entraves que o Brasil enfrenta para vencer a corrida por uma maior produtividade, hoje estacionada em um quinto da norte-americana. Para o professor Dani Rodrik, professor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, o país deve se concentrar no setor de serviços se quiser acabar com a distância entre o que produz hoje um trabalhador nacional e um estrangeiro.
“É o caminho inevitável para Brasil avançar”, afirmou o economista especializado em produtividade no EXAME Fórum , que ocorre hoje na capital paulista.
As falas causaram espanto para a plateia de empresários e analistas presentes, já que a ineficiente infraestrutura e a pouca educação do trabalhador são sempre apontadas como um dos maiores gargalos brasileiros.
“Não é má infraestrutura. Há pouca evidência de que seja o centro do problema”, afirmou Rodrik, que completou ainda que não se deve focar também na baixa taxa de investimentos, hoje inferior a 20% do PIB - que ele acha pequena, mas mesmo assim não o mais sério entrave.
As declarações foram interpretadas pela plateia como uma forma do professor norte-americano concentrar a atenção para o que detectou em sua pesquisa.
Por meio de estudos comparativos, Rodrik mostrou que a produtividade brasileira cresceu pouco nas últimas duas décadas. Enquanto o Brasil apresentou crescimento anual de 1,8% no período; México teve 2,2%; Chile , 3,8%; Peru, 3,7%; Coreia do Sul; 5% e Turquia, 4%.
Como aumentar a produtividade
Segundo o professor, há duas maneiras de aumentar a produtividade de um país: fazendo a mão de obra migar de setores menos produtivos para mais produtivos ou fazendo com que ela aumente dentro de cada setor.
Para o especialista de Princeton, a segunda opção é o único caminho viável para o Brasil já que, na verdade, os trabalhadores brasileiros têm migrado para setores de produtividade baixa, como serviços e administração pública.
A solução "interna" tem sido o caminho de nações desenvolvidas, segundo ele.
Com a solução dependendo de cada setor, de acordo com Rodrik, nenhum é tão emergencial para o Brasil como o de serviços, especificamente o comércio .
O setor de serviços responde hoje por cerca de 60% da economia nacional.
Enquanto a produtividade brasileira no comércio moderno, simbolizado pelos grandes varejistas, é de 75% da norte-americana, no segmento de comércio tradicional, é de apenas 20% da dos Estados Unidos.
“Poderia-se dobrar a produtividade no setor diminuindo apenas o “gap” dentro dos segmentos de comércio”, afirmou ele.
Com isso, a solução passaria por uma série de reformas em sistemas regulatórios e arranjos institucionais do Brasil. “Não há magia para uma solução rápida”, sentenciou o professor.