Economia

Bachelet herda Chile que cresce menos, mas com pleno emprego

Crescimento da economia de apenas 1,4% em janeiro confirma a desaceleração da atividade econômica, comentou futuro chefe de finanças do novo governo de Bachelet


	Michelle Bachelet: equipe econômica de Bachelet revisou contas públicas e indicadores chave para constatar o que ficou evidente há meses: o Chile está desacelerando
 (©AFP / Joel Saget)

Michelle Bachelet: equipe econômica de Bachelet revisou contas públicas e indicadores chave para constatar o que ficou evidente há meses: o Chile está desacelerando (©AFP / Joel Saget)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2014 às 19h28.

Santiago - Uma economia que crescerá cerca de 4%, um nível de investimento enfraquecido e um baixo índice de desemprego é a herança que Michelle Bachelet receberá de seu antecessor Sebastián Piñera, que destacou como seu maior legado os bons números econômicos de quase todo o seu mandato.

Com preocupação, a equipe econômica de Bachelet, que assumirá no próximo 11 de março, revisou as contas públicas e os indicadores chave para constatar o que ficou evidente há meses: o Chile está desacelerando, e o panorama não é dos melhores.

O crescimento da economia de apenas 1,4% em janeiro, abaixo das expectativas do mercado e o menor desde março de 2010, confirma a desaceleração da atividade econômica, comentou Alberto Arenas, futuro chefe de finanças do novo governo de Bachelet.

"O novo governo recebe uma herança de uma economia desacelerada, de um crescimento baixo, os números indicam", alegou Arenas.

"É preciso retomar desde o primeiro dia o tempo perdido, dissemos em campanha com muita seriedade: nós temos experiência e vamos governar desde o primeiro dia, 11 de março, para recuperar o tempo perdido em produtividade, inovação e energia", acrescentou.

A visão do futuro ministro da Fazenda é compartilhada por economistas que olham com olho crítico as conquistas econômicas do governo Piñera.

Embora durante seus quatro anos de mandato o país tenha alcançado um crescimento médio de 5,3% - um dos mais altos da América Latina no período - e o índice de desemprego tenha ficado abaixo de 6%, o mérito não se atribui diretamente à gestão do governo.

O economista Alejandro Fernández, da empresa de consultoria privada Gemines, opinou que a expansão registrada, sobretudo durante os primeiros anos do governo Piñera, não é sustentável.


De fato, um dos aspectos que mais inquieta os analistas é a sustentada queda da taxa de investimento nos últimos 12 meses, com uma forte incidência em mineração e energia, que a levou a 24% do Produto Interno Bruto (PIB), o mesmo nível de 2008. E algo similar ocorre com a produtividade.

"No curto prazo, o crescimento médio de 5,3% é um muito bom desempenho histórico se comparado com o resto da região", argumentou o economista Felipe Jiménez, da Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Por enquanto, um dos indicadores que vem se mantendo mais firme é o consumo, estimulado por uma sólida demanda interna. Mas a demanda externa, a dos bens exportáveis como o cobre, principal fonte de financiamento do fisco, apresenta uma situação complexa.

"A queda no preço da matérias-primas, como o cobre, já está tendo seu impacto, da mesma forma que a retirada dos estímulos monetários do Federal Reserve sobre a economia dos Estados Unidos, que reduzirá o investimento rumo aos países emergente como o Chile", disse um analista financeiro.

Por isso, a equipe econômica de Bachelet faz contas para saber com que recursos reais contará para poder cumprir seu prometido plano de reformas e as altas expectativas que gerou na população, especialmente em educação, onde prometeu gratuidade em todos os níveis.

Um dos aspectos questionados é a estimativa de crescimento da economia de 4,9% para 2014, quando realmente o grosso dos analistas calcula uma expansão muito ajustada ou inferior a 4%.

Para garantir a disposição de recursos fiscais, Bachelet projeta uma reforma tributária que eleve o imposto às empresas de 20% a 25%, e apesar da oposição do empresariado, o plano estará no congresso nos primeiros 100 dias do governo. EFE

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