Fazenda: além da queda geral, houve recuo da média das notas da Política Fiscal e da Comunicação (Editora Abril/Arquivo Abril)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2014 às 15h51.
São Paulo - A percepção do mercado financeiro para a gestão do Ministério da Fazenda e do Banco Central manteve, em setembro, a tendência de piora apurada nos meses anteriores e, com isso, as notas de avaliação renovaram os pisos da série do Termômetro Broad.
A média geral da Fazenda recuou de 2,3 em agosto para 2,1 em setembro, enquanto a média geral do Banco Central, no mesmo período, caiu de 4,8 para 4,3.
O levantamento de setembro teve participação recorde, com respostas de 54 instituições, entre os dias 23 e 30.
Em relação ao Ministério da Fazenda, além da queda da nota geral, houve recuo da média das notas da Política Fiscal e da Comunicação.
A nota para a Política Fiscal, que em agosto estava em 2,0, ficou em 1,6. Já a classificação para a Comunicação caiu de 2,2 para 1,8 entre agosto e setembro.
A avaliação do mercado para a Política Fiscal, em 1,6, é a pior entre todas as categorias que compõem o Termômetro Broad.
O prazo final para o envio das respostas do questionário pelos participantes, dia 30 de setembro, coincidiu com a divulgação pelo Banco Central das contas públicas do país referentes a agosto, que mostraram déficit primário de R$ 14,460 bilhões, o pior resultado desde dezembro de 2008.
O número veio abaixo do piso das estimativas coletadas pelo AE Projeções, de saldo negativo de R$ 12,4 bilhões.
Com isso, as contas do setor público acumulam de janeiro a agosto um superávit primário de R$ 10,205 bilhões, equivalente a 0,30% do Produto Interno Bruto (PIB) e bem abaixo da meta do governo de 1,9%.
Naquele mesmo dia, o Tesouro Nacional informou os números fiscais do Governo Central (INSS, Tesouro Nacional e Banco Central), que voltou a ter déficit primário, de R$ 10,422 bilhões em agosto, o quarto consecutivo este ano.
Foi o pior resultado fiscal para o mês em 18 anos.
Banco Central
A média geral do Banco Central cedeu de 4,8 para 4,3 entre agosto e setembro. Já a nota da Política Cambial manteve-se em 4,4, assim como a nota da Política Monetária permaneceu em 4,6.
A piora veio da avaliação da Comunicação, que passou de 4,8 para 4,5.
O mês de setembro foi marcado por forte pressão na taxa de câmbio, tanto em razão das incertezas sobre o cenário eleitoral doméstico quanto pelas sinalizações das principais autoridades monetárias pelo mundo.
O Federal Reserve (Fed), logo após sua reunião no dia 19, emitiu comunicado considerado menos agressivo (hawkish) do que o esperado em termos política monetária.
Por outro lado, as projeções econômicas trazidas pelo Fed indicaram que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) esperam uma elevação mais rápida dos juros.
Na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) surpreendeu, no dia 4 de setembro, ao reduzir suas três principais taxas de juros na reunião de política monetária.
Naquele mesmo dia, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que a autoridade monetária também decidiu começar um programa de compra de títulos lastreados em ativos (ABS, na sigla em inglês) do setor privado não financeiro após análise econômica e monetária.
Nas ofertas de swap cambial, o Banco Central manteve em setembro o volume do programa regular ("ração diária") em 4 mil contratos nos leilões.
Nas operações de rolagem dos contratos que venceriam em outubro, a autoridade monetária começou setembro ofertando até 6 mil contratos diariamente, mas, conforme o dólar foi avançando para além de R$ 2,40, o BC mais do que dobrou a oferta, para 15 mil contratos diários, a partir do dia 24.
Com isso, foram rolados integralmente os 133.040 contratos de swap que venceriam em 1º de outubro (US$ 6,652 bilhões).
No dia 30 de setembro, o BC já informou sobre o processo de rolagem para novembro, quando vencem 176.800 contratos (US$ 8,840 bilhões), com oferta diária de 8 mil contratos, a partir do dia 1º de outubro e que tem sido mantida até o momento.
Na política monetária, no início do mês passado, no dia 3 de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade manter a Selic em 11,00% ao ano.
No comunicado que informava sobre a decisão, o Copom manteve a frase "avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação", mas retirou os termos "neste momento", que constavam nas edições de maio e julho do comunicado do BC.
Com isso, reabriu-se a discussão sobre eventuais mudanças na taxa básica nos próximos meses.
Contudo, na semana seguinte, quando foi publicada a ata da reunião do Copom, o mercado retomou a ideia de que a Selic ficará no atual patamar por um período prolongado.
O Termômetro Broad é produzido mensalmente pelos profissionais do AE Dados junto a bancos, corretoras, consultorias, gestoras de recursos, instituições de ensino, departamentos econômicos de empresas e outros com histórico de realização periódica de projeções de indicadores econômicos.
A divulgação dos resultados é feita nos serviços em tempo real do Broadcast na quarta-feira mais próxima do dia 5 de cada mês. Em caso de feriado, a divulgação ocorre no primeiro dia útil subsequente.
São publicados apenas os resultados consolidados da pesquisa. As respostas individuais das instituições ficam em sigilo. A redação da Agência Estado não tem acesso às respostas individuais.
O questionário, enviado por e-mail, deve ser respondido uma única vez por instituição, na última semana de cada mês.