Economia

Aumento de taxa apoia luta de Tombini contra inflação

Mudança na metodologia aumenta os custos de tomar empréstimos entre os credores, um impulso para o presidente do BC


	Alexandre Tombini: presidente do BC elevou as taxas de juros no maior ritmo do mundo neste ano para manter a alta dos preços dentro da faixa alvo do Banco Central 
 (José Cruz/ABr)

Alexandre Tombini: presidente do BC elevou as taxas de juros no maior ritmo do mundo neste ano para manter a alta dos preços dentro da faixa alvo do Banco Central  (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2013 às 22h47.

Brasília/Rio de Janeiro - O presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, está recebendo um impulso involuntário na sua luta contra a inflação porque uma mudança na metodologia aumenta os custos de tomar empréstimos entre os credores na maior economia da América Latina.

A taxa cobrada pelos bancos entre si por empréstimos overnight aumentou até ficar a 0,15 ponto porcentual da taxa Selic do Banco Central, de 9,5 por cento, depois que a Cetip SA, a maior câmara de compensações de valores do Brasil, modificou em 7 de outubro a forma em que calcula a taxa interbancária, conhecida como DI. Antes da mudança, a brecha média neste ano era de 0,29 ponto porcentual.

Tombini elevou as taxas de juros no maior ritmo do mundo neste ano para manter a alta dos preços dentro da faixa alvo do Banco Central e evitar que a inflação abalasse a confiança de consumidores e empresas. As mudanças na DI, taxa de referência para 89 por cento do mercado de títulos corporativos do Brasil, de R$ 1,75 trilhão (US$ 801 bilhões), apoia seus esforços para endurecer a política monetária quando o Banco Central se aproxima do final dos seus aumentos de taxas, diz Marco Freire, diretor de investimentos em renda fixa na Franklin Templeton Investimentos.

“A DI está mais alta do que antes e, afinal de contas, isso é um endurecimento das condições financeiras”, opinou Freire, que prevê que a taxa Selic se eleve para 10,25 por cento em janeiro, em entrevista por telefone de São Paulo. “Isso afeta os títulos de taxa flutuante e até mesmo os fixos”.

Diferentemente da Selic, a taxa DI estabelece a referência usada para determinar os custos de tomar empréstimos para notas corporativas de taxas flutuantes. A metodologia prévia de cálculo da DI excluía as taxas no limite 5 por cento superior e inferior de uma faixa de operações overnight no mercado em dias com um total de transações menor do que vinte.

Nova metodologia

A nova metodologia emprega uma média ponderada para calcular a taxa, cortes variáveis nos extremos da faixa e aplica uma fórmula para os dias com menos de dez transações.


A mudança na metodologia “ajuda o Banco Central, pois quando ele eleva a Selic, a DI a segue de perto”, explica Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil SA, em entrevista por telefone de São Paulo. “Isso ajuda o mecanismo de transmissão dos aumentos da Selic ao mercado”.

Em 2013, a inflação ultrapassou duas vezes o teto da faixa alvo do Banco Central, entre 2,5 por cento e 6,5 por cento, antes de cair para 5,86 por cento em setembro, a menor taxa em nove meses. O ritmo anual da alta dos preços ao consumidor superou o ponto médio da meta, de 4,5 por cento, nos últimos três anos.

Visões diferentes

A mudança na DI terá menos impacto na inflação do que a política monetária de Tombini, afirma Kenneth Lam, estrategista para a América Latina do Citigroup Inc, com sede em Nova York.

“A magnitude dos aumentos que o Banco Central está implementando é muito superior à alta do spread depois que a metodologia foi implementada”, disse Lam em entrevista por telefone de Nova York. “No máximo, trata-se de algo secundário”.

Antes da mudança metodológica, em ocasiões a DI caiu mais de 25 pontos-base abaixo da Selic, uma brecha suficientemente grande para afetar a política monetária, de acordo com Paulo Petrassi, gerente de renda fixa na Leme Investimentos Ltda.

“Pelo menos não obstaculiza o Banco Central”, disse Petrassi sobre a nova DI em entrevista por telefone. “Quanto menor for a separação da Selic, melhor”.

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